segunda-feira, dezembro 21, 2009

Yule - Solstício de Inverno Parte II


Conforme foi dito em nosso primeiro esboço Yule é a data perfeita para a confraternização e celebração da esperança! Assim como a natureza, ciente dos dias de frio que ainda terá de suportar, aguarda pacientemente o momento certo para disseminar seus frutos, devemos nos preparar e planejar os novos passos, novas ações para a nova fase que se aproxima. É o momento de refletir sobre o milagre da vida, da luz após a escuridão. De como o sol brilhante logo emanará sua energia e tão necessária luz e o calor vital para todas as coisas. Pensar sobre todos os ciclos que o universo, e tudo o que faz parte dele, passa; nas tranformações da natureza, nos ciclos de vida e morte; do renascimento em si.

Entregue-se a alegria e celebre com o coração, afinal o sol está surgindo e logo estará forte, brilhando e iluminando novamente nossas vidas...

Segue algumas correspondências de Yule, assim como algumas dicas para o Sabbath.

Ervas/plantas: carvalho (representa a vida), alecrim, cedro, pinho, visco, azevinho, hera, cardo santo, louro, fruto do loureiro, canela (para a prosperidade), noz moscada, salsa, pinhas, gardénia, rosmaninho, salvia, camomila, juniperos, rosas vermelhas e brancas, salgueiro, visco, todas as árvores que não perdem as suas folhas no inverno e todas as árvores coníferas.

Incensos: louro, cedro, pinho e alecrim, cedro, pinho, loureiro, canela, verbena, olibano, mirra, bulota triturada, carvalho, azevinho, maçã, salvia, canela.

Cores: vermelho, verde, dourado, prateado, azul e branco. Pedras preciosas sagradas: olho-de-gato, rubi, esmeralda, diamante, olho-de-tigre, cristal , granada.

Animais: veado, renas, lobo, esquilos, gato, búfalo branco, urso

Seres míticos: trolls, fénix, duendes, gnomos, fadas das neves

Alimentos: frutas secos, especierias, batatas, maçãs, peras, cenouras, noz, amêndoas, gengibre, biscoitos em formato de símbolos de Yule, bolos, tronco de natal, rabanadas, broas, pizzas e tartes (teem a forma circular representando a roda do ano ou o próprio sol), mel, chocolates, leite, natas, queijos, guizados, frango, perdizes, peru, porco, leitão, pombo, coelho, lebre, javali, salmão, bacalhau

Bebidas:
vinho quente, frio, e condimentado com especiarias, cerveija, cidra quente e fria, chás, eggnog, leite com mel, leites quentes, Punchs quentes.

Obs: Época de suspender as dietas e desfrutar as guloseimas com alegria!

Curiosidade: Para agradecer pelos alimentos os Celtas representavam os três mundos da seguinte forma: um prato com peixe (água), um prato com carne, geralmente assada, (terra) e um prato de aves (ar).

Curiosidade2: “Beber à saúde das árvores do pomar" era um antigo costume pagão da Inglaterra onde colocava-se bolos nos galhos das macieiras mais velhas do pomar e derramava-se sidra como uma libação, oferecendo um brinde à mais saudável das macieiras agradecendo pelos frutos; depois os fazendeiros “ordenavam” que continuassem produzindo abundantemente.


Como comemorar seu Yule e montar seu ritual:

É a data perfeia para cantar, reuniões familiares, enfeitar a casa e o pinheiro, trocar presentes (principalmente feitos por nós mesmos), fazer coroas de azevinho, passear na natureza, cozinhar, fazer libações e oferendas aos deuses e aos elementais, tocar sinos (atrair as fadas), tambores (para acompanhar o nascer do Sol), espalhar azevinho pela casa e beijar sempre que se passe por ele, dexar presentes na natureza, decorar um tronco de yule, pendurar guizos nas janelas, manter um fogo aceso até ao alvorescer, acender uma vela em todas as divisões da casa, pintar cones de pinheiro como símbolos das fadas e pendurar na árvore de Yule, colher folhas verdes no dia de Yule e queimá-las em Imbolc para afastar o Inverno e invocar os poderes da Primavera.

Claro que, quando se fala em como realizar um ritual isto é muito pessoal, portanto segue algumas dicas para aguçar sua criatividade e lhe ajudar a ter idéias:

Durante o ritual honre a deusa em seu aspecto de mãe, celebre o nascimento do deus, transmita paz, harmonia, prosperidade, e pode-se fazer cerimônias com mulheres grávidas ou crianças recém-nascidas se estiverem presentes.

- O altar deve ser decorado com plantas correspondentes como o visco por exemplo, e até folhas secas; assim como símbolos, objetos e representações de animais relacionados a Yule e incenso correspondente.

- Se for realizar o ritual ao ar livre prefira uma fogueira ao caldeirão e procure, se possível, ter a árvore decorada de Yule por perto. Caso não possa acender o caldeirão, uma vela vermelha dentro dele resolve.

- Procure acender velas das cores correspondentes, e ter uma taça de vinho. Dance, cante e celebre com alegria, preferivelmente com pessoas de quem você gosta muito; você pode colocar 13 velas vermelhas na árvore e fazer um pedido enquanto acende cada uma delas, e estender a comemoração até que a última delas se apague.


- uma boa idéia é confeccionar guirlandas e a queima do tronco de Yule, feita da seguinte forma: O tronco tem de ser de pinho ou de Carvalho (geralmente se queima o tronco da celebração anterior, se for sua primeira celebração, consiga um pedaço de tronco de uma dessas árvores e guarde para o próximo ano), grave figuras do Sol ou do deus no tronco, prenda fitas vermelhas, verdes, douradas ou ambas, ramos verdes, e o que mais fizer sentido para você. Queime o tronco em sua lareira se tiver uma ou escolha um lugar seguro para fazê-lo e enquanto ele pega fogo mentalize a força do deus, diga algumas palavras se quiser ou cante para ele; faça a sua maneira, como seu coração mandar. Você pode também simbolizar a queima dessa forma: utilizando um tronco fino de aproximadamente 30 cm e com três furos ao longo da madeira, onde você pode colocar 3 nozes, por exemplo, ou velas, além de enfeitá-lo com fitas e ramos. Deixar que as velas (seria bom que fossem uma branca, uma preta e uma vermelha) permaneçam acesas durante o ritual.

- para enfeitar a árvore: você mesma(o) pode pintar as bolas que serão penduradas. Pendure também símbolos de lua, sol e estrelas, sinos e velas. Mentalize a energia dos deuses e dos elementais e honre-os.

Por hoje é só.
Tenha um bom Yule, com muita paz , alegria, prosperidade e fartura!!!

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Yule - 1ª Parte



21 de Dezembro - Hemisfério Norte e 21 de Junho - Hemisfério Sul

Estamos quase lá. Após a morte do Deus em Samhain e a chegada da escuridão no inverno, este está alcançando seu ápice (solstício) trazendo a noite mais longa do ano e, ao mesmo tempo, entrando em declínio onde os dias começam a ficar gradativamente mais longos e mais quentes. É o nascimento de deus menino, a criança da promessa, o deus sol que traz energia e a força para germinar a Terra em repouso e nos mostra que, embora a Terra Mãe em toda sua fertilidade esteja adormecida sob o ar frio, ela está viva e logo voltará a dar frutos. É o renascimento, o começo de um novo ciclo, um recomeço. A deusa é reverenciada em seu aspecto de mãe e logo retornará como jovem para reiniciar o ciclo junto ao Deus, tornando-se assim sua companheira no decorrer da roda do ano.

Como uma das celebrações mais comemoradas desde o período pré-cristão, o Solstício de Inverno foi a primeira festa sazonal das tribos neolíticas (5000 a 2500 a.c.) do norte da Europa sendo, até hoje, considerado o início da roda do ano por muitas tradições e recebeu vários nomes:

- Jol - nórdico antigo

- Saturnalia – romano (17 a 24 de Dezembro). Homenagem ao Deus Saturno. Muitos romanos também cultuavam o deus persa Mitra nascido durante este solstício.

- Yuletide – Teutonico

- Alban Arthuan (Luz do Urso/A Luz de Arthur) – Celtas/Druidico. Para eles era como reafirmar a continuação da vida após o brutal inverno, celebrar o espírito da Terra, pedir coragem p/ enfrentar os obstáculos do período até a primavera.

- Gehul – Saxão

- Häul – gallês

- Zagmuk - mesopotânio

- Dia das Mães – Anglo Saxons

Outros: Meio de Inverno, Festival de Inverno, Festival do Sol, Festival das Luzes, Xmas, Dia de Fiona, e hoje, absorvido pela cultura cristã é conhecido como Natal.

A palavra Yule (iúle) como a conhecemos hoje acredita-se ter vindo provavelmente de “iul” que significa “roda” em escandinavo. Nosso ritual não deveria possuir uma data fixa por depender de condições climática e astrológicas podendo variar de ano em ano, mas costumamos realiza-lo na data prevista (21/12 ou 21/06). Os pagãos germânicos o celebravam dede o final de dezembro até os primeiros dias de Janeiro.

Não importa as variações, analizando todas as crenças a essência da data é a mesma: esperança. A certeza de um recomeço feliz e próspero, a chegada da luz após a escuridão (antigos mitos relacionam seu nascimento a cavernas ou grutas, simbolizando seu nascimento do submundo). Tudo novo, recomeço; nascimento.

Divindades ligadas ao Sol em geral são celebradas nesta época, como: Mitra, Adonis, Apollo, Deus Cornudo, Hélios, Greenman, Lugh, Ra, Odin, Dyonisio, Attis, Saturno, Cronos, Horus, Balder, Sol Invicta, Janus Marduk e outros.

Já a deusa é reverenciada em seu aspecto de mãe em várias identidades: Isis, Athena, Hathor, Hecate, Ixchel, Minerva, Demeter, Gaea, Diana, Brigid, Belisama, Ártemis, Arianhod, Skuld, Aradia, Selena, Sulis, Daphne, Gwenhwyfar, Blodeuwedd, Rhiannon-Epona, Befana, Holda, Tonazin, Lucina, Bona Dea, Rainha das Neves, Hertha, Freya (deusas virginais, das neves, do frio e mães).

Simbologia:

O Visco e o Azevinho::
O visco, chamado pelos druidas de "árvore Dourada" era considerado extremamente mágico, pois eles acreditavam que essa planta possuía grandes poderes curadores sendo utilizados como remédio para a epilepsia e distúrbios nervosos, doenças cardíacas, hipertensão e para a digestão e teria o poder de conceder aos mortais o acesso o outro mundo. Chegou-se até a acreditar que esta planta “viva” (arbusto parasita) teria relação com o com os órgão reprodutores do deus Zeus, cuja árvore sagrada era o carvalho, essa ligação originando-se da idéia de que seus frutos brancos eram gotas do sêmen divino do Deus em contraste com os frutos vermelhos do azevinho, iguais ao sangue menstrual sagrado da Deusa, possuindo a essência divina da vida que traria “imortalidade” para aqueles que o tinha em mãos nesta época.

O Espírito de Natal:

Conhecido como Santa Claus (o atual Papai Noel) foi, em determinada época, o deus pagão do Natal. Para os escandinavos, ele já foi conhecido como o "Cristo na Roda", um antigo título nórdico para o Deus Sol, que renascia na época do Solstício de Inverno.

A Árvore, os Enfeites e os Presentes:

Uma árvore que permanecesse verde durante o inverno (representando o milagre da vida mediante as dificuldades pelo frio e pela neve; símbolo de esperança), como o pinheiro por exemplo que muitas vezes era associado a Grande Deusa, era decorada com bolas (símbolo fálico do deus, doador dessa força vital) e uma estrela no topo que é o pentagrama, símbolo da bruxaria. Sinos também eram pendurados nos galhos por serem símbolos femininos de fertilidade, e anunciarem os espíritos que possam estar presentes. Diz-se também que era costume trazer para casa uma destas árvores para garantir que os elementais estivessem em segurança durante o frio e pedir a eles que mantivessem as pessoas tão vivas e fortes durante o Inverno como a árvore.Os presentes na verdade eram oferecidos a estes elementais e para os deuses, assim como os banquetes eram em sua honra. Luzes e ornamentos, como Sol, Lua e estrelas faziam parte da decoração das árvores, para representar os espíritos que eram lembrados no final de cada ano.

A Queima da Acha:

Primeiramente era uma fogueira acesa ao ar livre que possuía relação com o sol que estava renascendo e serviria para “ajudá-lo” a criar força. Depois foi substituída pela queima de uma acha, geralmente de carvalho (considerado a Árvore Cósmica da Vida pelos antigos druidas) e longas velas vermelhas gravadas com motivos solares e símbolos mágicos dentro de casa mesmo.Hoje faz-se três buracos ao longe de um pequeno tronco colocando uma vela em cada um: branca, vermelha e preta simbolizando a Deusa Tríplice. É também decorada com azevinho sempre verde para simbolizar a união da Deusa e do Deus.


Curiosidades:
1 - no calendário chinês, o solstício de Inverno é chamado de dong zhi, ou chegada do Inverno, onde é festejada a passagem de ano. (Ideía de um novo ciclo, recomeço). Também marca o início do ano novo nórdico.
2 - muitos defendem a idéia de que o monumentos como Stonehenge eram construídos de forma a estarem orientados para o por do sol do solstício de inverno e nascer do sol no solstício de verão.
3 o Natal Cristão já foi festejado em várias datas diferentes, mas acabou-se estabelecendo a data (25 de dezembro) em 320 d. C. embora evidências bíblicas mostrem que Jesus não teria nascido durante o inverno, pois haviam pastores cuidando de seus rebanhos nas vigílias da noite, mostrando como aproveitou-se da popularidade destas festividades.