quarta-feira, julho 28, 2010

LITHA


O Solstício de Verão é o período em que mais podemos explorar a força do sol e trazê-la para nossas vidas.Ele está lá brilhando em todo o seu poder, o nosso Deus, toda a sua energia masculina e ativa em seu calor. Ele é o fogo. E o fogo nos fala de coragem, força, determinação; TRANSMUTAÇÃO! Coragem para encarar os desafios, ele é extremamente rápido e a tudo transforma. Expulsa tudo o que é negativo, transforma situações e traz força e saúde plena, porque o sol é a vida.

Em todas as culturas, desde os primórdios o sol está associado à luz e ao bem. Isto porque a humanidade sempre reconheceu sua força criadora e mantenedora da vida no planeta, pois sem sua luz e calor, nenhum tipo de vida seria possível.

Vou pegar primeiramente como referência os celtas, já que hoje são muitos os que seguem suas tradições. Como já foi dito aqui em alguma ocasião eles dividiam o ano em duas metades iguais sendo elas o ano claro e quente (regido pelo Rei Carvalho) e o ano escuro e frio (Rei Azevinho). Estas duas metades opostas eram divididas pelos solstícios (solstício de verão: Litha e solstício de inverno: Samhain) e em termos mitológicos era contado entre as pessoas a história de como um rei era substituído pelo outro durante o ciclo do ano:

Segundo o mito nos seis primeiros meses do ano (hoje dividiríamos em primavera e verão) o Rei Carvalho* governa a tudo em sua juventude como um corajoso caçador e Deus das florestas; e os dias são mais longos e claros. Muitos mitos retratam o Deus nesta época como um gamo, veado ou cervo e com elementos relacionado aos animais. O sol brilha intensamente durante o período até que alcança seu ápice ficando extremamente forte para logo então começar a enfraquecer. É neste momento que entra em uma batalha com seu irmão, o Rei Azevinho, e acaba perdendo seu trono para ele. O Rei Azevinho, diferente do Rei carvalho, reina como um ancião de extrema bondade e sabedoria, que traz o gélido frio do inverno e um período de escuridão, onde nos ensina o valor da esperança, com a promessa de que a luz voltará no momento certo, com seu próprio declínio. Ele traz a morte e a vida, porque é através dele que entendemos o papel da escuridão. Aprendemos que nada tem um fim definitivo, apenas se transforma e que não existe vida sem morte, e tudo faz parte de um enorme ciclo. E é assim por mais seis meses (outono e inverno).

* Esta é a época em que ocorre o florescimento do carvalho.

Geralmente o sol e o fogo estão associados ao deus, mas em muitas culturas e mitologias eles se encontram associados a deusas femininas assim como aparecem deuses-luas masculinos. Seja como for, o masculino e o feminino são opostos e sempre se completam.

Outras Referências de Litha:


* Roma:

- Vesta, a deusa romana protetora dos lares. Identificada com a grega Héstia, era mostrada nas pinturas inteiramente vestida e, algumas vezes, acompanhada de um asno. Seu culto seria o mais antigo da religião romana e o que mais resistiu à influência cristã.


Muitas vezes, erroneamente confundida com a antiga Vesta, a Terra ou Titéia mulher de Urano, a virgem Vesta, deusa do fogo (ou o próprio fogo), tinha um culto que vem da mais alta antiguidade onde era invocada antes de todos os outros deuses. Em seu Templo (em Corinto) não haviam estátuas, apenas em seu centro um altar para os sacrifícios celebrados em sua honra. A base de seu culto era, pr

incipalmente, manter o fogo que lhe era consagrado, para impedir que se apagasse (lembremos da dificuldade em se “fazer” fogo da época). Para tal tarefa haviam as vestais, suas sacerdotisas, que deveriam ser filhas de pais livres e respeitáveis e não presentar nenhum defeito físico ou mental. Elas se iniciavam entre os seis e dez anos, e ficavamaté os trinta. Durante este tempo cumpriam votos de castidades além de zelar pelo fogo, preparar os alimentos sagrados e cuidar da limpeza do santuário, sob pena severíssimas se não cumprissem suas funções.

Possuíam grande prestígio e privilégios, podendo se casar aos trinta anos (o que raro pois traria azar ao noivo).


O fogo sagrado teria sido trazido de Tróia p

or Enéias, lendário herói grego, e preservado no santuário dedicado à deusa, em Roma e próximo ao solstício (entre 7 e 15 de Junho) era realizado a Vestália e, no último dia, fazia-se a limpeza ritual do santuário, e os maus augúrios só terminavam quando todo o lixo era depositado em um local especial, ou lançado no rio Tibre

O santuário de Vesta ficava no Forum, perto da Regia (antigo palácio dos reis romanos) e.somente as vestais tinham livre a ele a não ser durante a Vestália, quando as mulheres casadas podiam visitá-lo. O fogo era renovado todos os anos, no dia primeiro de março, mas se por qualquer motivo se apagasse, só poderia ser ateado pelos raios do Sol, por meio de uma espécie de espelho.

O culto da Deusa durou por muito tem

po até que, Teodósio o proibiu, e o fogo foi oficialmente apagado no ano de 394.


- Também Romana, associada a Litha, temos a Deusa Juna. Também conhecida como Juno Luna, traz questões de fertilidade e abençoa as mulheres com o dom da menstruação. Os festejos em sua honra teriam originado as festas juninas¹ e o nome Junho para este mês também será uma referência sua. As flores que desabrochavam nesta época são chamadas Junônias.


* Grécia:


No passado, em 21 de Junho, mais de cento e cinquenta gentios helênicos (ou helenos, habitantes de Hélade que acabou se chamando Grécia) do Conselho Supremo dos Gentios Helenos reuniram-se na colina do Parnasso, (próximo a cidade de Atenas), onde celebraram o Solstício de Verão, entoando cânticos e realizando libações e sacrifícios às seguintes divindades:

- Héstia: A Vesta G

rega, era adorada como protetora das cidades, das famílias e das colônias. É a deusa dos laços familiares, simbolizada pelo fogo da lareira.

Jurou virgindade perante Zeus, e dele recebeu a honra de ser venerada em todos os lares, incluída em todos os sacrifícios e era respeitada e admirada pelos deuses e mortais.

Todas as cidades possuíam seu fogo (que deveria ser conseguido direto através do sol) nos palácios onde se reuniam as tribos.


- Zeus: Principal Deus da Mitologia Grega ( Júpter na Romana), soberano do Monte Olimpo e deus do céu e do trovão. S eus símbolos são o relâmpago, águia, touro e o carvalho. Zeus sempre foi considerado um deus do tempo, mais tarde, ele foi associado a justiça e, originalmente, os jogos olímpicos eram realizados em sua horna.



- Gaia: Gaia, Geia ou Ge, a deusa da Terra, ela gera sozinha e com outros. Personifica a base onde se sustentam todas as coisas.



- Pã: Identificado em Lupércio ou Lipercus Romano. O Deus dos bosques, campos, rebanhos e pastores, morador de grutas e livre pelos bosques onde vagava caçando e em companhia das ninfas.

Uma representação clás

sica do deus cornífero com chifres e cascos.

Carregava uma flauta causava medo á noite àqueles que atravessassem as florestas (daí a palavra pânico). Teria sido um dos filhos de Zeus com sua ama de leite, a cabra Amaltéia, que teria transformado-o, em forma de homenagem, em uma constelação (capricórnio) devido a um episódio onde demonstrou sua esperteza. Seu grande amor no entanto foi Selene, a Lua.

- Os deuses solares Hélios e Apolo: Hélios: O próprio nome significa “Sol” e era irmão de Selene a Lua (entre outros). Como servidor de Zeus, percorre o céu todas as manhãs, após a aurora, em um carro de fogo puxado por quatro cavalos luminosos (que possuem nomes relacionados ao fogo e luz) e sua cabeça cercada de raios de ouro, até que, à noite chegue ao

Oceano onde os seus cavalos se banham. Vê a tudo o que ocorre no universo, sendo convocado, frequentemente, para servir de
testemunha a outros deuses. Os seus animais sagrados são o galo e a águia, o colosso de Rodes (uma das sete maravilhas do mundo antigo) foi construído em sua homenagem.

Apolo foi uma das principais divindades gregas. Filho de Zeus e Leto, e irmão gêmeo de Àrtemis, com muitos atributos e funções, foi provavelmente (depois de Zeus é claro) o deus mais influente e venerado da Antiguidade. Identificado como o sol e a luz da ve rdade, fazia os homens conscientes de seus erros pre sidindo sobre as leis da religião e sobre as constituições das cidades, era o símbolo da inspiração profética e artística, sendo o patrono do mais famoso orárulo da Antiguidade, o Oráculo de Delfos, e líder das Musas. Temido pelos outros deuses, era o deus da morte súbita, das pragas e doenças, mas também o deus da cura e da proteção contra as forças malignas. Também o deus da beleza, perfeição, harmonia, do equilíbrio e da razão, o iniciador dos jovens no mundo dos adultos.

Ligado à natureza, às ervas e aos rebanhos, além de protetor dos pastores, marinheiros e arqueiros. Representado geralmente como jovem portando arco e flech
as ou uma lira. Seus símbolos (animais) eram: a serpe nte, o corvo e o grifo (ser mitológico com cabeça e asas de águia e corpo de leão).

- Ninfas: Ninfa deriva da palavra grega nimphe = “noiva”, “velado”, “botão de roda”, etc. São deusa-espíritos da natureza femininos, às vezes relacionadas a um local ou objeto particular. Muitas vezes compõem o aspecto de varias deidades e são frequentemente alvo da luxúria dos sátiros. São um tipo de de fadas sem asas, leves e delicadas e, apesar de serem consideradas divindades menores, todos lhe prestavam grande devoção e homenagem. Hérmia era a rainha das fadas e ninfas.

* Em Creta, o Ano Novo começava no solstício

de verão (fim da colheita do mel) e, para os cretenses, o zumbido das abelhas era a voz da Deusa anunciando a sua regeneração. O touro personificava o Deus e, era sacrificado para simbolizar a sua morte e seu renascimento das entranhas da Terra. A lenda do Minotauro representaria a descida simbólica à escuridão, encarando os medos e encontrando os meios da regeneração, ao seguir o fio da vida tecido pela Deusa.


* Suécia:

No dia 25 de Junho todo o país, principalmente na província da Dalarma (a nordeste de Estocolmo), a maior parte dos habitantes ainda usam as roupas tradicionais - aco ntece a festa “Midsummer Eve/Solstice Celebration” como o nome diz, para celebrar o solstício de verão com o dia mais longo do ano. A festa ideal acontece ao ar livre, e se possível, no campo, lembrando-se do amor e respeito pela natureza. Col her flores e fazer guirlandas, além de uma ceia especial, fazem parte da tradição.

* Países Nórdicos:

- Ba lder: Filho de Odin (principal deus da mitologia nórdica) e Frigg (primeira esposa de Odin, a Deusa mãe, da fertilidade, do amor e da união²), casado com Nanna. Seu palácio em Asgard cha ma-se Breidablik (Grande Esplendor). O Deus Radiante e Deus da Bondade, segundo o "Edda" seria "tão bela e deslumbrante sua forma e semblante que parece dele emanar raios de luz." Também um deus da Sabedoria, onde sua opinião não pode ser contrariada, pois é sempre perfeita, sendo o mais querido deus nórdico.

Cento dia, Balder começa a perceber através de

sonhos, que sua vida corre perigo. Frigg desesperada resolve pedir a todas as coisas e seres que façam o seguinte juramento: jamais causar mal a seu filho Balder. Ela começa pelo fogo e água, passa pelos metais, pedras, árvores, animais, pássaros e finalmente todos os reinos da Natureza.

Depois que tudo e todos fazerem o juramento, os deuses, reunidos em Gladsheim (um tipo de salão de reuniões), realizar uma espécie de jogo, testando a invulnerabilidade adquirida por ele através de sua mãe. Eles atiram-lhe vários objetos como pedras, espadas, flechas e os objetos
ou se desviam ou simplesm
ente param no ar, sem nenhum encostar-lhe.
Mas Loki (
Deus do fogo, da trapaça e da travessura), astuto como sempre, está só observando e começa a se irritar com tal privilégio do deus Sol.

Então ele se disfarça em senhora idosa, vai conversar com Frigg e descobre que ela não exigiu o tal juramento de um pequeno feixe de visgo que a Deusa teria encontrado a oeste de Valhalla (
local onde as almas dos eram guerreiros recebidas com honras após morte em batalha)
, por
ac
har que ele seria muito jovem ainda. Loki então faz um dardo de um ramo deste visco, retorna para junto dos deuses e vai persoadir Hod (irmão cego de Balder) e pergunta-lhe o porquê dele ele não estar participando, Hod diz que não pode ver onde o irmão está.

Então Loki, com a desculpa de ajudar-lhe, entrega o dardo a ele e mostra a direção onde deve atirar. O dardo transpassa o corpo de Balder e o Deus cai morto imediatamente, assassinado pelo próprio irmão. Todos ficam estáticos diante da cena e embora cobertos de ódio, não podia derramar o sangue de Loki dentro do santuário e ele conseguiu escapar.
De alguma maneira Valder consegue voltar a vida. De acordo com algumas fontes, por três dias, todos os elementos fizeram de tudo para trazê-lo de volta sem sucesso. Aré que, finalmente, as lágrimas de Frigga transformam o visco vermelho em branco, ressuscitando-o. Ela então muda a reputação do visco e beija a todos que passam por baixo dele em forma de gratidão.

O que isto tem a ver com Litha?

Bem, segundo muitas correntes a data da morte de Balder é 21 de Junho, no Solstício de Verão, quando o Deus-Sol se encontra no ápice de seu esplendor. Ele chega no auge de sua força e logo em seguida definha. O processo dele é bem rápido e lê não vive até Outubro mas, como a roda do ano continua, ele ressucitaria não em três dias, mas em um período chamado de Jól ou Yule, que ocorre entre 21 e 30 de dezembro e marca o solstício de inverno. Assim como nosso Yule, também marca a época da esperança, do retorno da luz, pois embora o inverno chega em seu ápice com o solstício logo em seguinda começa a declinar...

¹As homenagens aos seres da Natureza ou às divindades naturais também foram sbstituídas pelas populares e folclóricas festas juninas.

²A segunda esposa de Odin foi Freya. Ela também era uma Deusa do amor e da fertilidade mas, enquanto Frigg era mais caseira e com um instinto maternal incomparável, Freya estava mais ligada a sexualidade e sensualidade, o glamour das jóias e da beleza, e possuía uma papel mais participativo em atividades fora do lar, como auxiliar Odin na condução de guerreiros mortos por exemplo, sendo também relacionada a guerra e a morte.
Muitos defendem que
Frigg e Freya seria dois lados de uma mesma Deusa.

Bem, paro por aqui e logo traremos textos sobre Lammas, a festa de primeira colheita.

Muita paz para todos, Freya.