quarta-feira, outubro 31, 2012

Samhaim ou Beltane?


31 de outubro: Samhaim ou Beltane?

             Discussão antiga entre pagãos de linhas diferentes. Cada um defende sua idéia. Uns dizem que é  Beltane afinal de contas estamos no meio da primavera! Daqui há pouco o verão está aí! Outro dizem que é Samhaim, já que todo mundo comemora o halloween nessa data e Samhain tem uma  maior força quando comemorado junto com  tanta gente pensando a  mesma coisa ( a tal da egrégora). E agora, o que comemorar?

            Vamos partir do princípio que religião não uma ciência exata e vamos pensar que todo restante que não é ciência é subjetivo. O que quero dizer com isso é que  a verdade não é absoluta (nem na ciência, diga-se de passagem). A verdade é subjetiva.
            Desse ponto podemos concluir que se comemora aquilo que se sente. O paganismo não é hermético em suas crenças, não há necessidade de se ter ritos duros e imutáveis. As tradições seguidas por gerações são maleáveis e lúdicas. Os tempos mudam e  é por isso que  existe as adequações devidas, com respeito às tradições, claro.
            Pensa junto comigo. Que diferença faz pra você , bruxa(o) moderna se a colheita é em  junho ou em dezembro? A possibilidade de você saber ao menos  em que época do ano começa a plantação de milho por exemplo é bem remota. Afinal, colhemos  quando precisamos e o que queremos a hora que a gente bem entender no supermercado, não é? Então que sentido real faz para você as grandes colheitas, para celebração?
            Bora pensar mais um pouquinho: Quantas estações existem? Primavera, verão, outono e inverno. Nós aqui no Brasil também passamos por elas, mas por pura convenção. Estudos dizem que nosso país vive realmente duas estações do ano: verão e inverno. E a gente  não precisa ir muito longe pra confirmar o que dizem os cientistas. No nordeste há duas estações do ano: a  de chuva e a de seca (verão e inverno).
            Bem, vou te contar uma particularidade. Mudei-me de  São Paulo (de um apartamento) para o interior (para uma fazenda). Tive experiências que não teria nunca na metrópole, Principalmente experiências espirituais. Passei todos os  anos da minha vida comemorando a roda norte com muita certeza da minha crença. Seguia a egrégora e ponto final. Comemorar o Yule quando todo mundo está pulando a fogueira, não dá. E mesmo  com o frio que a gente tem aqui no meio do ano o papai Noel com aquela roupa toda ia chegar  aqui assado. O que quero dizer é que (pra mim)  a egrégora faz uma diferença enorme em um ritual. Trazer a energia do Samhaim quando grande parte do mundo está comemorando a mesma celebração é infinitamente mais forte em energia e  o ritual flui melhor. Porém com minha vinda pra cá comecei a perceber coisas que eu não percebia antes. Em agosto o sol nascia as 6:15hs  da manhã, enquanto hoje nasce com pressa às 5:00 Hs em ponto. O som dos passarinhos aumentou drásticamente de um mês pra cá. E os sapos...aff! Esses definitivamente não gostam  da época do frio. A sinfonia é  danada a noite, mas há dois  meses  quase não se  ouvia um coaxar.   O que quero dizer com isso é que nossa percepção muda dependendo de nossas vivências. Consigo entender melhor os que seguem a roda sul, mas mesmo assim pra mim (particularmente apenas) ainda  não funciona.
                Esse ano vou comemorar o Samhaim com a lembrança muito clara  de Beltane (se comemorasse Bel hoje a caçada seria tão fácil que nem graça teria, aqui a Lua é  um grande e imenso farol que clareia tudo nessa época do ano). Minhas abóboras estão a postos. Meu ritual de gratidão aos meus antepassados já está preparado (lembrando que finados é daqui há poucos dias o que me confirma ainda mais minha escolha pela roda norte, com  adaptações claro!), mas incluirei no meu ritual pontinhos de Beltane. Um exemplo disso é a receita que passarei pra você: doce de abóbora com queijo serra da canastra. Além de simbolizar as duas celebrações: abóbora – samhaim / queijo – Beltane, ainda tem  o fator brasileiríssimo  da comemoração. O queijo serra da Canastra é um patrimônio cultural brasileiro reconhecido mundialmente.

            Receita “entre dois mundos” ( abóbora com queijo serra da canastra)
  • 1/2 quilo de açúcar
  • 1kg de abóbora de pescoço, descascada e cortada em cubos
  • 2 pauzinhos de canela
  • 6 cravos-da-índia
  • Queijo serra da canastra cortado  em fatias ( caso não encontre em sua cidade substitua por queijo minas).
Numa panela grande, coloque a abóbora, o açúcar, a canela e os cravos. Leve ao fogo médio, mexendo sempre, até a abóbora começar a soltar água e umedecer o açúcar. A partir daí, abaixe o fogo e vá mexendo de vez em quando. Quando a abóbora tiver desmanchado e a calda tiver engrossado um pouco (leva uns 35 a 45 minutos) apague o fogo. Deixe esfriar sirva com o fatias de queijo serra da canastra.