sexta-feira, janeiro 08, 2010

Mitos de Yule

Existem vários mitos em torno da data de Yule (assim como em outros festivais ou ritos). Como a bruxara é livre tudo vai depender, é claro, do caminho, escola ou panteão você segue, ou simplesmente aquela na qual você mais se identifica.
Pessoalmente, acredito que devemos estar sempre abertos a novos conhecimentos, então coletei aqui algumas informações que considerei bem interessantes a respeito mas, vale ressaltar que, em sua maioria, as informações a seguir são um pouco escassas, havendo também algumas divergências sobre um mesmo assunto de uma fonte para outra, pois, a intenção aqui foi criar um esboço ou ponto de partida para estudo mais aprofundado. Então, se você como eu poderia ficar a vida toda pesquisando este tipo de coisa, divirta-se!!!

O Nascimento do Deus Sol:
Nossa, falamos sobre isso nos dois últimos enooooormes posts (risos) e, para falar a verdade, a grande maioria dos mitos está relacionado a esta idéia de luz após a escuridão de alguma maneira, algumas vezes logicamente de forma mais direta que outras, o que nos deixa claro ser essa a essência real da coisa...


Origem: Celta - Mito do Rei do Carvalho e do rei do Azevinho:
Os celta dividiam o ano em duas metades opostas: o ano claro, iluminado e quente, dominado pelo Rei Carvalho e o ano escuro e frio, dominado pelo Rei Azevinho. Partes estas que eram dividas pelos ritos de Samhain e Beltane; pelos solstícios.

A história mais conhecida a respeito era da batalha dos irmãos gêmeos Rei Carvalho e o Rei Azevinho. Nos seis primeiros meses do ano, é o Rei Carvalho (Luz) que governa, como um jovem forte, e corajoso que caça a Deusa pelas florestas, (Beltane) e temos dias claros e longos, com o sol brilhando intensamente, que vai ficando cada vez mais forte até seu ápice (solstício de verão) quando começa a declinar, perdendo gradualmente suas forças. É aí que trava uma batalha com seu irmão o Rei Azevinho (escuridão) e acaba sendo vencido por ele, que ocupado seu trono governando como um ancião, sábio e bondoso, que traz o Inverno do Norte, une as pessoas nas tribos e transmite esperança do retorno da luz com seu próprio declínio (nosso atual Papai Noel que vem do Pólo Norte, as luzes de natal etc). Ele traz a morte e a vida, reinando nos próximos seis meses do ano até que o Sol renasce no Solstício de Inverno retomando seu trono como Rei Carvalho.

Os dois irmãos representam as faces do Deus, uma parte do ano jovem, vida e luz, a outra o deus ancião, escuridão e morte. Algumas versões da lenda representam o Rei da Luz pelo gamo, veado ou cervo (animais da mesma família que a rena) e o rei das sombras pelo Lobo. Existem muitos outros meios (mitos) de se contar o retorno da luz a partir do solstício de inverno e a roda do ano em si, como veremos a seguir.
Origem: Grega I – Mito de Perséfone:
Certo dia Perséfone, filha de Deméter (deusa da agricultura) estava passeando por campos floridos quando foi raptada pelo deus do submundo Hades, a quem havia sido concedido a mão de Deméter pelo pai Zeus, mas Hades não quis esperar.

Deméter então, furiosa pelo rapto da filha, jogou uma praga sobre a Terra (ou simplesmente se descuidou dos afazeres) impedindo que qualquer coisa crescesse até que sua filha retornasse, dando assim origem ao inverno.
Então Zeus, o rei supremo, mandou Hermes (o mensageiro dos deuses) ao inferno para recuperá-la. Este foi até lá e covenceu Hades, que impôs uma condição: por ter comido uma romã, isto é, não ter rejeitado-o por completo enquanto esteve lá, ela teria que passar metade do ano lá com ele como a sombria Perséfone e, quando retornasse para perto dos pais, seria Coré, a eterna adolescente.
Quando do seu regresso Deméter ficou tão contente que fez florir por todos os lados dando originando, assim, à primavera.
O Verão representaria então o caloroso amor de Deméter por sua filha e o Outono quando ela se lembra que logo será deixada por ela, se entristece e logo as folhas caem.
Obs: Em Roma acontece o mesmo, mas lá Perséfone era chamada de Prosepina ou Prosérpina.

Origem: Grega II – Attis (1200 a.C).
Attis, da Phyrugia, nasceu da virgem Nana em 25 de dezembro, crucificado, colocado no túmulo, 3 dias depois ressuscitou.

Origem: Grega III – Dionísio (500 a.C.)
Dionísio nasceu de uma virgem em 25 de dezembro; um peregrino que praticou milagres como transformar a água em vinho e chamado de 'Rei dos Reis', 'Filho pródigo de Deus', 'Alpha e Omega', etc. Morreu e ressuscitou.

Origem: Persa – Mithra (1200 a.C.)
Nasceu virgem em 25 de Dezembro, teve 12 discípulos, praticou milagres, morreu foi enterrado e ressuscitou após 3 dias. Chamado de 'A Verdade', 'A Luz', etc. Seu dia sagrado de adoração: Domingo (Sunday: Dia do Sol).

Origem: Suméria - A Descida de Inanna: Neste mito Inanna, a grande deusa suméria do amor, fertilidade, sexualidade, guerra etc.. precisou descer até o submundo para visitar sua irmã gêmea, Ereshkigal (deusa da morte, o oposto de inanna) devido a morte de seu marido Gugalana.
Em sua descida ela precisou passar pelos sete portais do submundo, e em cada um deles se despia de suas roupas, jóias e adornos, ou seja, de todas as máscaras, pois para encarar a irmã, que era sua outra face, deveria estar totalmente entregue; sem nenhum tipo de máscara.
Então Ereshkigal mata Inanna, que se rende ao próprio sacrifício ganhando assim força, aceitando a si mesma como é e encarando seu lado negro, e assim cresce em sabedoria para renascer mais poderosa, linda e brilhante. Ereshkigal manteve seu corpo prisioneiro, pendurado em uma estaca, até que passassem três dias e três noites e Enki, o deus da sabedoria, enviou duas criaturas criadas por ele (Galatur e Kurgarra) para resgatá-la. Estes, que acabaram por ajudar Ereshkigal que dava a luz, receberiam um favor em troca, e pediram para levar Inanna e a ressucitaram. Ereshkigal aceitou mas exigiu que alguém fosse mandado no seu lugar. Então Inanna, retornou para o seu reino e viu Dummuzi (seu marido) reinando em seu lugar e se enfureceu, mandando-o para o inferno para substituí-la. Então Geshtinana (Deusa dos caniços de papiro), a irmã de Damuzzi, se oferece para alternar com ele a permanência no inferno e dividir sua dor. Assim ele passa metade de cada ano no submundo (Outono e Inverno) e na outra metade retornaria trazendo abundancia e fertilidade à terra (Primavera e Verão).
Mais uma vez temos um mito sobre morte e renascimento do Deus.
Esta é a origem da celebração da roda do ano sumeriano.

Origem: Antigo Egito - Hórus, o Deus-Sol (3000 a c.)
Hórus veio ao mundo em 25 de Dezembro da virgem Ísis. Tendo seu nascimento acompanhado por uma estrela do Leste que também foi seguida; por três reis em busca do salvador recém-nascido. Era muito evoluído para sua idade aos 12 anos, aos 30 foi batizado por Anup. Possuía 12 discípulos (que na verdade representariam os 12 signos) que o seguiam, curou pessoas e andou sobre as águas; além de possuir apelidos como: A Verdade, A luz, o filho adorado de Deus, Bom pastor, Cordeiro de Deus etc. Foi traído por Tifão, crucificado e ressucitou após três dias.

Origem: Índia - (900 a.C).
Krisnha, filho de Devaki, que segundo algumas fontes era virgem, com uma estrela no Ocidente assinalando sua chegada. Fez milagres em conjunto com seus discípulos e muitas passagens de sua vida se assemelham assombrosamente com a de Jesus. Após a morte ressuscitou.

Mas e esse tal de Papai Noel em???


Origem: Escandinava - O Bode de Yule
Figura associada ao deus Thor, que percorria o céu numa carruagem puxada por bodes (os deuses na mitologia nórdica sempre eram relacionados com animais que muitas vezes puxavam carruagens ex: Freya: gatos, Freyr: javalis). Com o passar dos anos os jovens passaram a ir de casa em casa nessa época do ano para realizar brincadeiras ou canta, sendo que uma das pessoas do grupo se vestia de Bode de Yule. A partir do séc XIX um dos homens que se vestia de “Bode de Yule” já entregava presentes, até se transformar em Santa Claus.

Referência essa encontrada mais fortemente na Finlândia, onde se conhecia o Joulupukki, (significando literalmente Bode de Yule), sendo a verdadeira origem de Santa Claus. Vestia trajes vermelhos, usava um cajado e viajava em um trenó puxado por renas, mas para eles não se tratava de uma criatura benéfica e sim um bode assustador que amedrontava crianças e vinha para receber presentes e não presentear...


Origem: Germânica / Nórdica - De Odin e as botas nas chaminés a São Nicolau

Associada a Odin (principal deus na mitologia nórdica-germãnica) que, em função da ocasião (Yule) reunia os deuses e guerreiros que haviam morrido em combate para realizar uma grande caçada. As crianças enchiam suas botas com cenouras, açúcar e palha, deixando-as perto das chaminés, para serem levadas por Sleipnir (cavalo alado de oito patas de Odin) e o Deus então, como recompensa, deixava para elas nas botas doces e presentes. Estes costumes resistiram mesmo depois do Cristianismo na Holanda, Bélgica e Alemanha, associando-se com o tempo a São Nicolau, que cumpria o papel de Odin. Tal costume migrou para a América e perdura até hoje.


Origem: Turquia - O Bispo de Myra

Originalmente São Nicolau Taumaturgo, arcebispo de Mira na Turquia (no século IV). Nicolau costumava ajudar financeiramente os necessitados colocando um saco com moedas de ouro na chaminé das casas e era muito generoso com os probres, se tornando objeto de devoção na Holanda, Bélgica, Áustria e Alemanha. Muitos milagres lhe foram atribuidos e acabou virando santo. A junção de sua história com os mitos já existentes sobre Yule e, principalmente os germânicos, acabou culminando na figura tão conhecida hoje do Papai Noel.

Origem: Dinamarquesa - Santa Claus
Santa Claus nada mais é do que um nome que veio do termo dinamarquês Sinterklaas, de fato uma forma contraída de Sint Nicolaas ou São Nicolau. Sinterklaas era também um mito baseado parcialmente na estória do bispo de Myra, onde na verdade, conta-se na Holanda, ele viria da Espanha barco e não de trenó do Pólo Norte. Ele era acompanhado de ajudantes negros, os Zwarte Pieten, que traziam presentes para as crianças boas e puniam as más levando-as embora dentro dos sacos.
Finalmente, analisando os mitos acima, chegamos a conclusão que, para entendermos exatamente onde um mito termina e outro começa, precisaríamos de um estudo bem mais profundo sobre cada um, sua verdadeira origem e etc. Mas, uma coisa é certa, o Papai Noel como o conhecemos hoje é uma salada de tudo o que é mito europeu, que recebeu a caracterização atual de influência Inglesa por volta do séc. XVII.

Bom, por enquanto é só...ainda tenho mais um mito que considero bastante especial, mas resolvi reservar para o próximo post.
Que todos sejam muito abençoados.

5 comentários:

Andréa Lagôa Clemente disse...

Gostei!!!!
Mas fiquei curiosa pra saber qual é esse mito do proximo post!!!!
Escreveeeeeeeeeeeee

M.F.K disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
M.F.K disse...

Muito interessante, gostei da variedade de culturas exposta no post.
tem um post de set de 2009 que ficaram de botar exercícios para animal de poder,gostaria que saber algum ^^
muito bom o blog, parabens

Freya disse...

Andréa..o próximo post já tha lá rs...

Manson! Que bom que gostou! e obrigada pelo lembrete também!

Estaremos trabalhando nisso e postaremos assim que possível!! Vamos expor vários destes exercícíos...e sempre que quiser dar sugestões de matérias elas serão muito bem vindas!!!

Seja você muito bem vindo ao nosso canto!!!

obs: em breve estará no ar o novo site do Caminho Sagrado...

Rita Candeu disse...

Muito bom!!!

um apanhado bem geral nos dá a ideia de como os Mitos evoluem e migram e atravessam os tempos