sexta-feira, março 19, 2010

Ostara - Equinócio de Primavera

Ostara – Equinócio de Primavera

21 de Março Hemisfério Norte e 21 de Setembro Hemisfério Sul


Um equinócio só acontece duas vezes por ano; é o momento em que o Sol, da forma como é visto da Terra (isto é chamado de órbita aparente), cruza o plano do equador e o dia e a noite possuem a mesma duração. (12 horas cada; equinócio vem do Latim, aequus (igual) e nox (noite), significando "noites iguais",). Marca mudança de estação¹, portanto, equinócio de primavera indica o primeiro dia de primavera.

Finalmente a tão esperada primavera chegou, um novo ciclo se iniciando. Os dias escuros e frios se despedem e a Mãe Terra está borbulhando em fertilidade pronta para ser germinada. Uma incrível energia de renovação paira no ar e Deus e Deusa deixam de ser mãe e filho. Seus olhares se cruzam e eles começam a se enxergar como “homem e mulher” e é aí que se apaixonam. Jovens cheios de vida, ela ainda carrega toda a pureza em seu aspecto de virgem mesclado a uma intensa sensualidade e beleza primaveril, enquanto ele está descobrindo seus impulsos masculinos, pois já não é mais um menino e o seu fogo e calor começam a crescer e se refletir nas próprias plantas se desenvolvem fortes como ele...

Todo esse mistério e beleza da atração pelo oposto se reflete em toda a parte, porque é assim que são feitas todas as coisas (a união do princípio masculino e do princípio feminino que encerra no equilíbrio perfeito que rege o universo...).

E assim a fertilidade está espalhada por todo lado e o planeta desperta para gerar coisas novas; lindas flores logo começarão a embelezar os campos, é hora de iniciar o cultivo das plantações, e os seres estão a todo vapor a procura do sexo oposto em plena agitação. Uma sintonia positiva contagia a todos e um clima de alegria e novidades se espalha, os animais nas florestas parecem estar em festa e as pessoas sentem uma certa animação e bem estar sendo um ótimo momento para dar uma guinada naquele projeto que vagarosamente de iniciou ou apenas planejou nos períodos de Yule e Imbolc...

Como aconteceu com muitas celegrações pagãs, acabou virando uma festa da religião cristã e faz parte da cultura moderna de uma forma estilizada. Veremos agora o porque:

Começaremos pelo nome; Ostara é um nome derivado de Eostre e Ostera, deusas (senão a mesma “Deusa da Aurora”) muito associadas a Ostara e a primavera em si, devido a seu caráter de deusas da fertilidade (Eostre é saxônica e Ostera é Alemã;). Com o tempo este sentido de “renovação” do período, foi focado como “ressureição” e transformado na Páscoa que conheçemos hoje (ressureição de Cristo) além do próprio nome em si: Páscoa é Easter em inglês e Ostern em alemão.

Os costumes de ovos e do coelho? Também há origem pagã nisso:


Os ovos, logicamente, são símbolos de fertilidade por excelência. É comum até hoje, oferecermos ovos cozidos e decorados com muito carinho à deusa depositando-os nos pés das árvores ou enterrando-os, simbolizando a fertilidade da Mãe Terra nos festivais de Ostara como forma ritualística. Já a lebre era um símbolo de renascimento e ressurreição, um dos maiores símbolos de fertilidade pois levam 28 dias para gerar e dar a luz (28 dias corresponde a um ciclo completo de lunação). Por isso um animal sagrado de várias deusas lunares, inclusive a própria deusa Ostara (Eostre).


Segundo a lenda, certo dia, Eostre estava sentada em um jardim com suas tão amadas crianças (ela amava demais as crianças e onde fosse estava rodeada por elas), quando um adorável pássaro voou sobre elas e pousou na mão da Deusa. Com algumas palavras mágicas, ela transformou o pássaro em seu animal favorito: uma lebre. As crianças ficaram ancantadas, mas com o tempo,.perceberam que a lebre não estava feliz. Ela queria voltar a cantar e voar então elas pediram a Eostre que desfizesse a magia mas ela não conseguiu pois era inverno e seu poder estava reduzido, decidiu então esperar pela primavera e então, quando seus poder chegaram ao pico e ela conseguiu mas por algum tempo apenas. Muito feliz e gradecido o pássaro voou e botou ovos em sua homenagem. Mais tarde acabou se transformando em lebre novamente mas decidiu fazer uma homenagem á deusa e ás crianças por terem tentado ajudá-lo, então ele pintou os ovos e distribuiu-os pelo mundo.


A deusa então, para lembrar às pessoas de seu erro de interferir no livre-arbítrio de alguém, entalhou a figura de uma lebre na lua.


Bom, para nós bruxas(os) é uma festa muito gostosa onde podemos pintar os ovinhos e usá-los para decorar o ambiente, o altar etc ... Podemos enterrá-los também ou depositá-los na natureza além de desfrutarmos deles nos rituais junto a bolos de mel, as primeiras frutas da estação etc.

Uma boa pedida também é caminhar por locais floridos e colher flores para enfeitar o altar e entrar profundamente em comunhão com esta energia...

Bom pessoal, por enquanto é só. Logo voltaremos a falar mais sobre este Sabbath tão animado...

¹A segunda ocasião marca a entrada do Outono. Ocorrem em Março e Setembro, trazendo a respectiva estação para a região associada.

Postado Por: Freya

terça-feira, março 02, 2010

Imbolc

Imbolc ou Candllemas Parte II:

O festival de Imbolc, ou Candlemas, como já foi dito, marca o meio entre o solstício de inverno e o equinócio da primavera. O calor da terra aumenta, assim como aumenta o nosso fogo criador...

Se analisarmos as simbologias de Yule e Imbolc, veremos que esses dois Sabbaths tem muito em comum. Isto se da devido às mudanças da natureza ocorrerem de forma gradual, e as celebrações da roda do ano se baseiam nisso. Portanto elas acabam se mesclando conforme vão acompanhando a longa transição a qual representam, e, ao mesmo tempo, cada celebração reserva para si um ponto focal único daquele momento em especial.

Portanto, se em Yule damos as boas vindas ao Deus Sol e sua luz da vida que está a caminho tendo como palavra chave “esperança”, em Imbolc também estamos nessa mesma energia, mas já em um outro estágio.

É uma continuação; continuamos felizes pelo término do inverno estar próximo e, desde Yule, continuamos sentindo a chegada da luz após a escuridão. Mas, em um novo estágio, pois já houve uma evolução até aqui onde percebe-se claramente que o sol já ganhou muito mais força, e já começa a espalhar a vida por ai. Podemos confirmar sua influência nas mães que amamentam suas crias por toda a parte, pequenos resquícios de vegetação que começam a florescer etc.

Estando neste momento ainda mais forte em nós essa energia de coisas novas no ar, coisas novas realmente começando a acontecer e tomando forma; é aí que nos sintonizamos mais profundamente a ela e ela, em contrapartida, nos entrega a inspiração que nos é necessária para desenvolver algo novo, seja um projeto, uma nova etapa em qualquer aspecto ou nível, etc, além de nos ajudar a banir aquilo que já não serve mais.

Como herança dos povos antigos, principalmente o povo Celta, essas celebrações são na verdade ritos solares, ou seja, voltados ao Deus Sol. Mas, não podemos nunca nos esquecer do papel fundamental da Deusa, que está sempre lá, mostrando sempre uma face adequada ao momento em questão e sem a qual a roda do ano não seria possível.

Considero Imbolc um momento interessante para abordarmos sua importância porque é nesse momento que tudo está “novinho em folha”, é o momento jovem, o Deus é apenas um menino que começa que se desenvolver e é nesse momento que ocorre a transformação mais linda da Deusa: depois de ter passado pela maturidade ganhando sabedoria e conhecimento, e passando pelo milagre de gerar a vida transformando-se em mãe, ela se prepara para retomar novamente, entrando em sintonia com o momento do Deus, em uma jovem virgem cheia de pureza e imaturidade, pronta para recomeçar o ciclo da vida; nos mostrando que todo o fim traz um novo começo.

Portanto este é um momento muito especial para os dois, Deus e Deusa, e é através dessa idéia de renascimento que conseguimos entender a importância da luz (ou energia criadora) e seu tão esperado retorno.



Costumes de Imbolc:


1) Fazer uma cama de Brigit (Deusa do fogo Celta; principal divindade femininaassociada a Imbolc): faz-se primeiramente uma boneca de pano¹, espiga de milho, palha, ervas etc para representar a Deusa, de preferência com uma roupinha branca representando a pureza da virgem noiva. Então ela é colocada junto a um pequeno bastão (representação do Deus); em uma cesta ou “cama” feita de vime ou algo parecido recheada de palha para serem honrados durante o ritual de Imbolc. Esta é uma clara representação da união da Deusa e do Deus (sagrado feminino e sagrado masculino) que logo se consumará para trazer a fertilidade à Terra. Representa também o equilíbrio necessário para se gerar ou criar algo que, ao trazermos para nossa realidade, podemos transmutar no equilíbrio metal, espiritual e físico, na qual necessitamos alcançar para nossa própria evolução (evolução em todos os sentidos da vida).


2) Fazer uma Roda de Velas: uma tradição deixada pelos anglo-saxões consiste em coroar-se uma jovem com uma coroa de velas para a representação da deusa Virgem ( a coroa representando a própria roda do ano e a Luz do Sol). Porém hoje utilisa-se da preparação de uma roda de velas da seguinte forma: geralmente uma base circular sustentando 8 ou 13 castiçais com velas, que é colocada sobre o altar e acesa durante o ritual. Para a preparação desta roda pode-se utilizar papelão como base ou qualquer outro tipo de coisa que julgue adequado (lembre-se a bruxaria é uma coisa livre, então utilize sua intuição e seu coração e tudo sairá perfeito). Seria interessante decorar a roda com folhagens e utilizar velas vermelha, laranja ou brancas.


3) Varredura: limpeza física e energética do espaço com a Vassoura Mágica. No começo do ritual é interessante que se varra o círculo mágico no sentido anti-horário (na verdade como um ritual de limpeza mesmo, cantando e dançando)² expulsando todas as energias negativas e sentimentos que queremos que fiquem no passado realizando assim uma limpeza astral; uma purificação e um desligamento daquilo que não queremos mais.

4) Limpeza: devemos adentrar esta energia de purificação em todos os aspectos de nossas vidas. Portanto, é um ótimo período para se livrar de pesos no âmbito material e espiritual: limpar a casa (energética e fisicamente), assim como os instrumentos mágicos e o espaço sagrado; assim como fazer doações. Podemos agora, com muito mais otimismo, dar andamento a projetos que possam estar sendo planejados desde o Halloween (ou ano novo). Também é legal doar comida aos pobres celebrando a fartura após o inverno.


5) Cruz de Brigit: Faça sua cruz de Brigit com o material que preferir e pendure-o sobre a porta da cozinha (onde ocorre a transformação dos alimentos). Este símbolo poderoso com certeza abençoará sua comida.




Mais alguns costumes:


1) deixar 3 sementes de milho sobre a porta principal simbolizando da Deusa Tríplice e até Ostara, onde deverão ser queimadas;
2) colher pedras para utilizar em círculos mágicos (trocá-las no próximo Imbolc devolvendo estas para a natureza);
3) acender uma vela em cada janela que devem queimar do pôr-do-sol do dia de Yule até o nascer do sol do dia seguinte;
4) abençoar velas para serem usadas em rituais e feitiços durante o ano;
5) fazer uma Mãe do Milho (Cor Mother).
6) abençoar a terra derramando leite para que as plantas cresçam férteis e sejam abençoadas pela Deusa.
2) colocar fitas verdes ao redor do pescoço das crianças dando vários nós enquanto se pronuncia o nome de Brigit para que ela os abençoe (costume Irlandês)

¹ A boneca deve ser feita pela(s) própria(s) pessoa(s) em função de impregnar sua energia na mesma. Não precisa ser nada complexo ou “profissional”. Como tudo na bruxaria pode ser simples, mais feita com amor. Coloque seu coração nela enquanto confecciona e ela será linda e sagrada independente do resultado final.
² A dança das vassouras acabou originando a lenda de que as bruxas voam em suas vassouras.
Bom, por hoje é só.
Mas logo estaremos de volta com mais textos interessantes!
Que os deuses abençoem a todos...