segunda-feira, agosto 30, 2010

Lughnasadh - Lammas

(Antes tarde do que nunca) ...



Lughnasadh ou Lammas – 1ª Festa da Colheita
(01 de Agosto - Hemisfério Norte) e (01 de Fevereiro - Hemisfério Sul)




Lughnasadh (ou Lunasá / lug-na-ssadh como se pronuncia) seria um nome que provém de um dos festival solares celtas. Também conhecido como Lammas (lammas) que significa algo como: Missão do Pão (loaf Mass) ou “Massa de Lugh” é o Festival da Primeira Colheita. Conhecido e celebrado segundo vários nomes por toda a Europa, sempre leva a mesma conotação: colheita. Lúnasa quer dizer “Mês de Agosto” em gaélico-irlandês, enquanto Lunasda e Lunasdal também significa Lammas, ou, Primeiro de Agosto em gaélico-escocês; na ilha de Man seria Laa Luanys ou Laa Luany, na Escócia, Luchar, na penísula de Dingle: An Lughna Dubh (“Festival Sombrio de Lugh”) em Gales era conhecido apenas como Gwl Awst (O Banquete de Agosto), e por aí vai.

Uma festividade associada ao sentido de ver a vida em todas coisas e que possui uma carga celta muito forte, até para aqueles que não seguem essa corrente, devido ao nome do próprio ritual estar associado a uma divindade celta: o Deus Lugh. E Lugh era considerado o maior guerreiro celta devido a derrota dos gigante, que exigiam sacrifícios humanos, ser realizada por ele. O ritual em sua honra era geralmente realizado no domingo¹ mais próximo à 1º de agosto, pois, sendo um domingo, as pessoas podiam deixar de lado o trabalho o dia todo e apenas comemorar.

Como não podia ser diferente era um Deus Solar e tudo aquilo o que estiver associado a este sabbath trará força de maturidade e retorno. “Lammas” tem a ver com pão ou qualquer tipo de massa², na qual necessitamos dos grãos para produzir, pois, é um momento de comemoração e alegria por podermos colher de volta tudo aquilo o que plantamos durante os meses anteriores. Celebramos então a Deusa, a Terra em sua pleitude e o Deus, por seu sacrifício em virtude dos grãos.


Lammas ocorre entre Litha (Solstício de Verão) e Mabon (Equinócio de Outono), ou seja, é um período de transição. A Força de Nosso amado Deus Sol já alcançou o seu ápice e as noites já começam a se mostrar mais longas, pois ele está enfraquecendo. O Sol ainda brilha mas não tanto assim, assim como ainda não podemos dizer que o frio chegou. A única certeza que possuímos é da breve e suave morte que logo o alcançará.

Mas não é um momento de tristeza, e sim de muita comemoração. Sentido de vitória depois de tanto trabalho nas plantações; agradecer a tudo aquilo o que pudemos arrecadar, todo o alimento gerado, assim como todos os ganhos e recompensas pelos esforços em todos os aspectos de nossas vidas. Não devemos nos esquecer, é claro, de agradecer também pelos momentos difíceis, pois são necessários e fazem parte da nossa evolução. Por este motivo é um período que fala da vida em si! Porque a natureza sempre encontra um meio, e todo o tipo de vida não existe sem as forças criadoras.

É o momento de agradecer pela união do Pai céu e a Mãe Terra que juntos deram origem a tudo aquilo na qual podemos nos beneficiar, todos aqueles frutos a nossa disposição da qual tanto necessitamos para nossa própria existência.

E neste momento, é claro, a Deusa tem em seu ventre o fruto desta união divina; seu filho que cresce intensamente e que, na realidade, é seu próprio consorte. Uma proporção de energia em equilíbrio dando continuidade ao clico de nascimento-morte-renascimento: enquanto o Deus vai declinando e morrendo, vai ao mesmo tempo tornando-se mais forte no ventre da Deusa, para logo renascer e recomeçar a caminhada repetindo todo o processo. E é dessa forma que ele nos mostra que o universo é ciclico e regido pelo equilíbrio e a continuidade assim como nossas vidas também são.

Bem, de acordo com toda esta energia, seria interessante fazermos em nosso ritual a “Massa ou pão de Lugh”, que deve ser feito por várias pessoas juntas, colocado no altar e repartido ente os participantes durante o ritual. Muitos jogos eram e podem ser praticados também nesta ocasião.

Uma boa pedida também também seria os bonecos de milho, ou trigo, que representam os deuses (Senhor e Senhora do Milho) e ficarão conosco durante todo o ano como amuleto de proteção até serem queimados e substituídos no próximo ano.

Junte elementos que estejam relacionados a energia do Sabbath, entregue seu coração e realize sua festa dos grãos...

¹ Nas áreas rurais o festival era constantemente lembrado como “Domingo de Mirtilhos” pois era costume escalar-se a colina mais próxima (colina de Lughnasadh) a fim de juntar pequenas frutinhas pretas dadas pela terra.

² O nome Lammas teria vindo de um costume medieval de levar os primeiros pães (bolos, etc) para uma celebração e repartí-los ente os participantes.

Muita paz, Freya

E a segunda colheita está logo aí...(Mabon).



quinta-feira, agosto 26, 2010

A árvore de Huluppo

A ÁRVORE DE HULUPU

Nos primeiros dias, nos primeiros dias,
Nas primeiras noites, nas primeiras noites,
Nos primeiros anos, nos primeiros anos

Nos primeiros dias, quando tudo o que era necessário foi trazido à existência
Nos primeiros dias, quando tudo o que era necessário foi alimentado como devia
Quando o pão foi cozido nos templos desta terra
Quando o pão foi provado [por todos] nos lares desta terra
Quando o Firmamento se separou da Terra
E a Terra foi separada do Firmamento
E o nome do homem foi fixado
Quando o deus do Firmamento, Anu, carregou consigo os céus
E o deus do Ar, Enlil, carregou consigo a Terra,
Quando à Rainha das Grandes Profundezas,
Ereshkigal, foi dado o Mundo Subterrâneo
para seu reino

Ele zarpou: o Pai zarpou
Enki, o deus da Mágica, das Artes e da Sabedoria, zarpou para o Mundo Subterrâneo.
Pequenas lufadas de vento foram lançadas sobre ele
Grandes chuvas de granizo foram jogadas contra ele
Avançando velozes feito tartarugas gigantes
Elas se lançaram contra a quilha do barco de Enki.
As águas do mar devoraram a proa do barco de Enki como lobos [ferozes]
As águas do mar jogaram-se contra o barco de Enki como leões [famintos]

Naquela época, uma árvore, uma árvore única, a Árvore de Hulupu,
Foi plantada às margens do Eufrates.
A árvore foi nutrida pelas águas do Eufrates.
Um dia, porém, o Vento Sul soprou e começou a levantar as raízes da
árvore de huluppu,
E arrancar seus galhos
Até que as águas do Eufrates carregaram consigo a grande árvore.


Uma jovem, que caminhava pelas margens do rio
Arrancou a árvore de onde estava [à deriva] e disse:
- Vou levar esta árvore até a minha cidade, Uruk.
- Vou plantar esta árvore no meu jardim sagrado.
Inana cuidou da árvore com suas próprias mâos.
Ela assentou a terra ao redor da árvore com seu pé.
Ela começou a imaginar:
- Quanto tempo vai passar até que eu tenha um trono de luz para sentar?
- Quanto tempo vai passar até que eu tenha um leito de luz para me deitar?
Os anos se passaram; cinco anos, então dez anos.
Os anos passaram, cinco anos, então dez anos
A árovore cresceu em espexxura
Mas sua casca não se partiu
A serpente, que não podia ser enganada por encantamentos ou artes
Fez seu ninho nas raízes da árvore de hulupu
O pássaro Anzu e seus filhotes fizeram um ninho nos galhos da árvore
E a traiçoeira donzela Lilith fez do tronco da árovore de Hulupu o seu lar.

.A jovem que adorava rir, chorou
Como Inana chorou!
Mas mesmo assim nem a serpente, o pássaro Anzu ou Lilith deixaram a árvore sagrada.

Um dia, porém, quando um pássaro começou a cantar anunciando a chegada do alvorecer,
O Deus Sol, Utu, deixou seus aposentos reais,
Inana então chamou por seu irmão Utu, e lhe disse:
- Utu, nos primeiros tempos, quando foram decretados os destinos
Quando nada faltava a esta terra
Quando o Deus do Firmamento levou consigo os céus
E o Deus do Ar levou consigo a Terra,
Quando Ereshkigal escolheu o Mundo Subterrâneo para seu reino,
Quando Enki, o Deus das Artes, da Mágica e da Sabedoria,
zarpou para as Grandes Profundezas,
E o Mundo Subterrâneo ergueu-se para atacá-lo,
Naquele tempo, uma árvore, uma árvore única, a Árvore de Hulupu,
Foi plantada às margens do Eufrates.
O Vento Sul empurrou as raízes da árvore sagrada, quebrou seus galhos,
Até que as águas do Eufrates carregaram a Árvore de Hulupu.
Então, eu tirei a árvore sagrada das águas do rio,
Levando-a para o meu jardim, em Uruk.
Lá, eu mesma cuidei da Árvore de Hulupu,
Enquanto esperava pelo meu trono e leito de luz.

Então uma serpente, que não podia ser enganada por encantamentos ou artes,
Fez seu ninho nas raízes da árvore de Hulupu.
O pássaro Anzu fez para si e seus filhotes um ninho nos galhos da árvore sagrada,
E Lilith, a donzela rebelde e morena, fez do tronco da árvore de Hulupu o seu lar.
Vendo todos eles tomarem conta da minha árvore,
Eu chorei, ah, como eu chorei!
Mas mesmo assim nenhum deles deixou a minha árvore.

Utu, o valente guerreiro, Utu o deus Sol,
Não se prontificou a ajudar Inana.
utu deus do sol
[ e ela chorou ainda mais, mas não desistiu]

Quando os pássaros começaram a cantar, anunciando a chegada do alvorecer do outro dia,
Inana chamou seu irmão Gilgamesh, dizendo:
- Ah, Gilgamesh, nos primeiros tempos, quando foram decretados os destinos
Quando nada faltava a esta terra
Quando o Deus do Firmamento levou consigo os céus
E o Deus do Ar levou consigo a Terra,
Quando Ereshkigal escolheu o Mundo Subterrâneo para seu reino,
Quando Enki, o Deus das Artes, da Mágica e da Sabedoria,
zarpou para as Grandes Profundezas,
E o Mundo Subterrâneo ergueu-se para atacá-lo,
Naquele tempo, uma árvore, uma árvore única, a Árvore de Hulupu,
Foi plantada às margens do Eufrates.
O Vento Sul empurrou as raízes da árvore sagrada, quebrou seus galhos,
uruk
Até que as águas do Eufrates carregaram a Árvore de Hulupu.
Então, eu tirei a árvore sagrada das águas do rio,
Levando-a para o meu jardim, em Uruk.
Lá, eu mesma cuidei da Árvore de Hulupu,
Enquanto esperava pelo meu trono e leito de luz.
'
Então uma serpente, que não podia ser enganada por encantamentos ou artes,
Fez seu ninho nas raízes da árvore de Hulupu.
O pássaro Anzu fez para si e seus filhotes um ninho nos galhos da árvore sagrada,
E Lilith, a donzela morena e rebelde, fez do tronco da árvore de Hulupu o seu lar.
[Vendo todos eles tomarem conta da minha árvore,]
Eu chorei, ah, como eu chorei!
Mas mesmo assim nenhum deles deixou a minha árvore.

gilgamesh
Gilgamesh, o valente guerreiro, Gilgamesh,
O herói de Uruk, prontificou-se para ajudar Inana.
Gilgamesh ajustou sua forte armadura no peito
A pesada armadura tinha peso de penas para o grande herói
Ele levantou pesado machado de bronze, o machado {que abre caminhos],
E colocou-o no ombro.
[Assim preparado,] Gilgamesh entrou no jardim sagrado de Inana.

Gilgamesh bateu na serpente que não podia ser encantada.
O pássaro Anzu voou com sua ninhada para as montanhas,
E Lilith destruiu sua casa e fugiu para um local selvagem e desabitado.
Gilgamesh então afrouxou as raízes da árvore de Hulupu,
E os filhos da cidade, que o acompanharam, cortaram os galhos da árvore sagrada.

Do tronco da árvore, ele esculpiu um trono para sua divina irmã,
Do tronco da árvore, Gilgamesh esculpiu um leito para Inana.
Das raízes da árvore ela fez um bastão para seu irmão,
Dos galhos, a coroa da árvore de Hulupu, Inana fez um tambor para Gilgamesh
O herói de Uruk

2 - INANA E ENKI, OU A OBTENÇÃO DAS MEDIDAS SAGRADAS

Inana colocou a shugurra, a coroa da estepe na cabeça
Ela foi até os rebanhos de ovelhas, Ela foi até o pastor
Ela se encostou contra a macieira.
Quando Ela se encostou contra a macieira, sua vulva era algo lindo de se ver.
Regozijando-se com sua vulva maravilhosa, a jovem se aplaudiu. Ela disse:
- Eu, a Rainha dos Céus, irei visitar o Deus da Sabedoria.
Eu irei ao Abzu, o local sagrado em Eridu.
Em Eridu, eu prestarei homenagens a Enki, o deus da Sabedoria.
Eu farei uma prece para Enki, o deus das doces águas. .

Quando Ela estava a uma curta distância do Abzu, o local sagrado de Eridu,
Ele, cujos ouvidos estão [sempre] abertos,
Ele, que conhece os ME, as leis sagradas do céu e da terra,
Ele, que conhece o coração dos deuses,
Enki, o deus da Sabedoria, que tudo sabe,
Chamou seu servo Isimud.

- Ouça, meu sukkal, a jovem está prestes a entrar no Abzu
Quando Inana entrar no altar sagrado
Dê-lhe bolo amanteigado para Ela comer
Dê-lhe água para refrescar suas orelhas
Ofereça-lhe cerveja ante a estátua do leão
Trate-a como uma igual
Dê as boas-vindas a Inana na mesa sagrada, a mesa dos céus.

Isimud prestou ciosamente atenção às palavras de Enki.
Quando Inana entrou no Abzu
Ele deu-lhe bolo amanteigado para comer
Ele deu-lhe água para beber
Ele ofereceu-lhe cerveja ante a estátua do leão
Ele tratou-a respeitosamente
Ele deu as boas-vindas a Inana à mesa sagrada dos céus..

Enki e Inana beberam cerveja juntos
Eles beberam mais cerveja juntos.
Eles beberam mais e mais cerveja juntos.
Com as taças de bronze da Deusa Mãe Urash cheias até transbordar
Eles brindaram um ao outro
Eles desafiaram um ao outro.

Enki, alto de cerveja, brindou Inana:
- Em nome do meu poder! Em nome do meu altar sagrado!
Para minha filha Inana, eu darei o Alto Sacerdócio! Divindade!
A coroa nobre e duradoura! O trono da realeza!

Inana replicou: - Eu os aceito!

- Verdade! A descida para o Mundo Subterrâneo! Ascenção do Mundo Subterrâneo!
A arte de fazer amor! O beijo do falo!

Inana replicou: - Eu os aceito!

Enki ergueu sua taça e brindou Inana pela terceira vez:
Em nome do meu poder! Em nome do meu altar sagrado!
- Para minha filha Inana eu darei o Alto Sacerdócio dos Céus!
O poder de fazer lamentações! O regozijar dos corações!
O poder de fazer julgamentos! O poder de tomar decisões!

(14 vezes Enki ergueu sua taça à Inana
14 vezes ele ofereceu à sua filha os MES
14 vezes Inana aceitou os sagrados MEs)
Então Inana, levantou-se ante a seu Pai,
Reconhecendo os MEs que Enki havia-lhe dado:
- Ele me deu o ME da coroa nobre e duradoura;
Ele me deu o ME do trono da realeza;
Ele me deu o ME do cetro da nobreza; Ele me deu o ME do bastão;
Ele me deu o ME do cetro e da linha sagrados que tudo medem;
Ele me deu o ME do trono elevado;
Ele me deu o ME da liderança sobre os rebanhos;
Ele me deu o ME da realeza;
Ele me deu o ME da sacerdotisa princesa;
Ele me deu o ME da divina sacerdotisa-rainha;
Ele me deu o ME do sacerdote dos encantamentos;
Ele me deu o ME do sacerdote nobre;
Ele me deu o ME do sacerdote que faz oferendas de bebidas sagradas;
Ele me deu o ME da verdade;
Ele me deu o ME da descida ao Mundo Subterrâneo;
Ele me deu o ME de ascenção do Mundo Subterrâneo;
Ele me deu o ME da execução de rituais de luto;
Ele me deu o ME da adaga e da espada;
Ele me deu o ME da vestimenta escura;
Ele me deu o ME das vestimentas claras;
Ele me deu o ME da arte de fazer amor;
Ele me deu o ME do beijar do falo;
Ele me deu o ME da arte da velocidade;
Ele me deu o ME da fala direta;
Ele me deu o ME da fala traiçoeira;
Ele me deu o ME do discurso enfeitado;
Ele me deu o ME da taverna sagrada;
Ele me deu o ME do altar sagrado;
Ele me deu o ME da Sagrada Sacerdotisa dos Céus;
Ele me deu o ME do retumbante instrumento musical;
Ele me deu o ME da arte de fazer canções;
Ele me deu o ME da arte de envelhecer;
Ele me deu o ME da arte do poder;
Ele me deu o ME da arte da traição;
Ele me deu o ME da arte de ser direto;
Ele me deu o ME da pilhagem das cidades
Ele me deu o ME do fazer lamentações;
Ele me deu o ME do regozijar dos corações;
Ele me deu o ME do embuste;
Ele me deu o ME da terra rebelde
Ele me deu o ME da arte da bondade;
Ele me deu o ME das viagens;
Ele me deu o ME da morada segura;
Ele me deu o ME da arte de trabalhar em madeira;
Ele me deu o ME da arte de trabalhar com cobre;
Ele me deu o ME da arte do escriba;
Ele me deu o ME da arte do ferreiro;
Ele me deu o ME da arte de trabalhar o couro;
Ele me deu o ME da arte do construtor;
Ele me deu o ME da arte de trabalhar com juncos;
Ele me deu o ME do ouvido que tudo percebe;
Ele me deu o ME do poder da atenção;
Ele me deu o ME dos ritos sagrados de purificação;
Ele me deu o ME da pena prodigiosa;
Ele me deu o ME do empilhar de carvões quentes;
Ele me deu o ME dos rebanhos de ovelhas;
Ele me deu o ME do leão de dentes amargos;
Ele me deu o ME do espanto;
Ele me deu o ME da consternação;
Ele me deu o ME do reavivar o fogo;
Ele me deu o ME do braço fatigado;
Ele me deu o ME da família reunida;
Ele me deu o ME da procriação;
Ele me deu o ME do atiçar das disputas;
Ele me deu o ME do acalmar dos corações;
Ele me deu o ME dos julgamentos,
Ele me deu o ME de tomar decisões.

Ainda alto com a bebida, Enki falou a seu servo Isimud:
- Meu sukkal Isimud, a jovem senhora está prestes a partir para Uruk
É meu desejo que ela chegue a sua cidade em segurança!
Inana reuniu as Medidas Sagradas. Os ME foram colocados na Nau dos Céus.
A Nau dos Céus com as Medidas Sagradas zarpou na direção de Uruk.

Quando a cerveja tinha-se evaporado daquele que tinha bebido cerveja,
Quando a cerveja tinha-se evaporado de pai Enki,
Enki olhou ao seu redor, no Abzu.
Os olhos do rei do Abzu buscaram por toda Eridu.
O rei Enki olhou por toda Eridu e chamou seu servo Isimud, dizendo;
- Meu ministro {sukkal] Isimud....
- Meu rei Enki, estou aqui para servi-vos...
- O alto sacerdócio? Divindade? A coroa nobre e duradoura?
Onde estão?
- Meu rei deu-os todos para vossa filha, meu rei deu-os todos para Inana.
- A arte do herói? A arte do poder:? Da traição? De enganar?
Onde estão elas?
- Meu rei deu-os todos para vossa filha.
- O ouvido que tudo percebe, o poder da atenção,
O poder para tomar decisões, onde estão eles?
- Meu rei deu-os todos para vossa filha.

(14 vezes Enki questionou seu servo Isimud. 14 vezes Isimud respondeu dizendo:
- Meu rei deu-os todos para vossa filha, meu rei deu-os todos para Inana).

Então Enki falou, dizendo:
- Isimud, a Nau dos Céus com as Medidas Sagradas, onde está ela agora:
- A Nau dos Céus está a um cais distante de Eridu.
Vá! Leve as criaturas enku com você! Que elas tragam a Nau dos
Céus de volta a Eridu!
Isimud falou a Inana:
- Minha rainha, vosso pai mandou-me até vós.
As palavras de vosso pai são palavras de Estado.
Elas não podem ser desobedecidas.
Inana respondeu:
- O que disse meu pai? O que Enki falou?
Quais são as suas palavras de estado
Que não podem ser desobedecidas?
Isimud falou:
- Meu rei disse: Que Inana prossiga até Uruk,
Mas traga de volta a Nau dos Céus
Com as Medidas Sagradas para Eridu.
Inana clamou:
- Meu pai mudou a palavra que deu para mim! Ele violou seu
juramento, quebrou sua promessa. Com falsidade ele falou alto
e forte: Em nome do meu poder! Em nome do meu altar sagrado!
Com falsidade ele mandou você até mim!

Mal Inana havia pronunciado estas palavras,
As criaturas enku pegaram a Nau dos Céus.
Inana chamou sua serva Ninshubur, dizendo:
- Vem, Ninshubur, outrora foi você Rainha do Leste.
Agora, é você a serva fiel do altar sagrado de Uruk.
Água não tocou seus pés, água não tocou suas mãos.
Minha sukkal, ministra e conselheira que dispensa sábios conselhos,
Minha guerreira que luta ao meu
Salva a Nau dos Céus com as Medidas Sagradas!

Ninshubur fez um gesto como se cortasse o ar com sua mão.
Ela então soltou um grito de partir corações.

As criaturas enku foram então mandadas de volta a Eridu!

Então Enki. Chamou seu servo Isimud uma segunda, uma terceira,
uma quarta, uma quinta e uma sexta vez, dizendo:
- Meu ministro {sukkal] Isimud....
- Meu rei Enki, estou aqui para servi-vos...
- Onde está a Nau dos Céus neste momento?
De cada vez, Isimud dá seis diferentes localizações para a
Nau dos Céus ao responder ao seu rei e senhor.
De cada vez, Enki dá a mesma resposta a Isimud:
- Então vá e mande monstros para capturar a Nau dos Céus!

Isimud mandou os monstros
Uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete vezes
Para aprisionar a Nau dos Céus.
De cada vez, mais fortes eram os monstros, mais poderosos.
Mas uma, duas, três, quatro, cinco, seis e sete vezes
Ninshubur resgatou a Nau dos Céus para Inana.

Então Ninshubur falou a Inana:
- Minha rainha, quando a Nau dos Céus entrar pelo Portal de Ningulla de Uruk
Que as águas altas fluam para nossa cidade,
Que os barcos maiores velejem rapidamente através de nossos canais!
Inana respondeu a Ninshubur:
- No dia em que a Nau dos Céus entrar pelo Portal de Ningulla de Uruk,
Que as altas águas limpem todos os caminhos,
Que os anciões dispensem conselhos,
Que as anciãs ofereçam consolo aos corações!
Que os jovens mostrem o poder de suas armas,
Que as crianças riam e cantem,
Que toda Uruk esteja em festa!
Que o alto sacerdote dê as boas-vindas à Nau dos Céus com canções,
e que e ele faça preces grandiosas! Que o rei
ofereça gado e ovelhas em sacrifício, que ele os regue de cerveja!
Que ressoem os tambores e tamborins, que doce música seja tocada!
Que toda a terra proclame o meu nobre nome
Que o meu povo me cante em canção!

E assim foi feito.
No dia em que a Nau dos Céus entrou pelo Portal de Ningulla de Uruk
As águas altas varreram as ruas
As águas altas fluíram pelos caminhos
A Nau dos Céus aportou no altar sagrado de Uruk.
A Nau dos Céus aportou no altar sagrado de Inana.

Então Enki chamou seu servo Isimud pela última vez, dizendo:
- Meu ministro {sukkal] Isimud....
- Meu rei Enki, estou aqui para servi-vos...
- Onde se encontra agora a Nau dos Céus?
- A Nau dos Céus está no Branco Cais.
- Vamos! A senhora está fazendo maravilhas lá!
A Rainha está fazendo maravilhas no Branco Cais
Inana está fazendo maravilhas no Branco Cais
Pois a Nau dos Céus está em Uruk!

As Medidas Sagradas foram sendo descarregadas
E à medida em que as Medidas Sagradas estavam sendo descarregadas
As Medidas Sagradas que Inana havia recebido de Enki
Elas foram sendo anunciadas e presenteadas ao povo da Suméria.
Então mais MÊS apareceram
Mais MÊS do que Enki havia dado a Inana.
E estes também foram presenteados para o povo de Uruk.

Inana trouxe as Medidas Sagradas
Ela trouxe o colocar da roupa no chão
Ela trouxe encanto
Ela trouxe a arte de ser mulher
Ela trouxe a perfeita execução dos ME
Ela trouxe os tambores tigli e lili
Ela trouxe os tamborins sagrados.

Inana falou novamente:
- Onde a Nau dos Céus aportou
Que seja este local chamado o Branco Cais
Onde foram apresentados os ME sagrados
Que seja este local chamado o Cais de Lápis Lazuli.

Então Enki falou a Inana, dizendo:
- Em nome do meu poder! Em nome do meu altar sagrado!
Que os ME que você conquistou permaneçam no altar sagrado de sua cidade!
Que o alto sacerdote passe o seu dia entoando cantos no altar sagrado
Que os cidadãos de tua cidade prosperem!
Que os filhos de Uruk se regozijem!
O povo de Uruk é aliado do povo de Eridu
Que a cidade de Uruk seja restaurada em seu poder nesta grande terra!

3 - A CORTE DE INANA E DUMUZI

O irmão falou para sua irmã mais jovem,
Utu, o deus Sol, falou a Inana, dizendo:
- Jovem senhora, o linho em flor é lindo,
Os grãos estão reluzentes nos campos.
Eu vou pegar alguns para você,
Eu vou trazer um pouco de linho para você.
Uma peça de linho é sempre bom de se Ter.
- Irmão, se você me trouxer o linho, quem irá fiá-lo para mim?
- Irmã, eu trá-lo-ei já fiado.
- Irmão, se você me trouxer o linho fiado, quem irá trançá-lo para mim?
- Irmã, eu trá-lo-ei fiado..
- Irmão, se você me trouxer o linho fiado, quem irá trançá-lo para mim?
- Irmã, eu trá-lo-ei trançado.
- Irmão, se você me trouxer o linho trançado, quem irá tecê-lo para mim?
- Irmã, eu trá-lo-ei tecido.
- Irmão, se você me trouxer o linho tecido, quem irá tingi-lo para mim?
- Irmã, eu trá-lo-ei tingido.
- Irmão, se você me trouxer meu lençol de noiva,
Quem irá para o leito comigo? Utu, quem irá para o leito comigo?
- Seu noivo irá para o leito com você.
Ele, que foi concebido no Casamento Sagrado. Dumuzi, o pastor!
Ele irá para o leito com você!
Inana falou:
- Não, irmão! O homem do meu coração é aquele que trabalha os campos!
O agricultor! Ele é o homem do meu coração! Ele junta cereais em grandes pilhas,
Ele traz grãos regularmente para meus galpões.
Utu falou:
- Irmã, case-se com o pastor! Por que não o queres?
O creme que ele faz é bom, o leite dele é bom.
O que ele toca, ele faz brilhar. Inana, case-se com Dumuzi!
Você, que se adorna com o colar de ágata da fertilidade,
Por que não o queres? Dumuzi irá compartilhar seu rico
creme com você. Você foi concebida para ser a protetora
do rei, por que não o queres?
Inana respondeu:
- O pastor! Eu não me casarei com o pastor! Suas roupas são
rústicas, a lã dele é dura. Eu vou me casar com o agricultor.
O agricultor cultiva o linho para minhas roupas. O agricultor
planta cevada para minha mesa. Eu me casarei com o agricultor!
Então Dumuzi apareceu e disse:
- Por que toda esta conversa sobre o agricultor?
Se ele der a você farinha, eu lhe darei lã,
Se ele der a você cerveja, eu lhe darei leite doce,
Se ele der a você pão, eu lhe darei o mais doce dos queijos.
Eu darei ao agricultor o creme que me sobrar.
Eu darei ao agricultor o leite que me sobrar.
Por que você fala [só] sobre o agricultor?
O que ele tem que eu não tenho?
Inana disse:
- Pastor, se não fosse a minha mãe, Ningal, eu o mandaria embora.
Sem meu pai, Nana, você não teria teto sob sua cabeça.
Sem meu irmão Utu...
Dumuzi falou:
- Inana, não comece uma briga! Meu pai, Enki, é tão bom quanto seu pai.
Minha mãe, Sirtur, é tão boa quanto sua mãe.
Minha irmã Geshtinana é tão boa quanto você,
Eu sou tão bom quanto seu irmão Utu. Rainha do Palácio, vamos conversar!
Inana, vamos sentar e conversar: eu sou tão bom quanto Utu,
Enki é tão bom quanto Nana, Sirtur é tão boa quanto Ningal.
Rainha do Palácio, vamos conversar!
As palavras que eles falaram foram palavras de desejo.
Do momento em que brigaram, surgiu de amantes o desejo.
O pastor trouxe creme para o palácio real
Dumuzi trouxe leite para o palácio real
Ele esperou do outro lado dos portais. Ele chamou:
- Abra a porta, minha senhora. Abra a porta da casa!
Inana correu para a mãe que havia lhe dado à luz. Ela perguntou:
- O que devo fazer:?
Ningal aconselhou-a, dizendo:
- Minha filha, o jovem Dumuzi irá tratá-la como se fosse seu pai.
Ele vai cuidar de você como se fosse sua mãe.
Abra a porta, minha filha, Abra a casa [para ele]!
A pedido de sua mãe,
Inana se banhou e se ungiu com óleo perfumado
Ela cobriu seu corpo com o vestido branco real
Ela aprontou seu dote
Ela arrumou as preciosas contas de lápis lazuli ao redor de seu pescoço
Ela pegou seu selo sagrado.
Dumuzi esperou (a) com ansiedade.
Inana abriu a porta para ele
Dentro da casa, ela brilhou diante dele
Como a luz da lua.
Dumuzi olhou para ela alegremente
Ele aproximou seu pescoço do dela
Ele a beijou.
Inana falou:
- O que eu te digo, que o cantor teça em canção
O que te digo, que passe do ouvido para a boca
Que passe do jovem para o ancião
Minha vulva, minha cornucópia
A Nau dos Céus
Está cheia de expectativa como a lua nova
Minha terra que não foi arada está desocupada
E quanto a mim, Inana,
Quem irá arar a minha vulva?
Quem irá arar meu campo alto?
Quem irá arar meu solo úmido?
E quanto a mim, a donzela,
Quem irá arar a minha vulva?
Quem irá deixar o gado ficar lá?
Quem irá arar minha vulva?
Dumuzi respondeu:
- Grande Senhora, o rei irá arar sua vulva, eu, Dumuzi, o rei, irei arar sua vulva.
Inana:
- Então are a minha vulva, homem do meu coração! Are a minha vulva!

No colo do rei ergueu-se o cedro
Plantas cresceram ao seu lado
Cereais cresceram ao lado das plantas e do cedro
Jardins floresceram da forma mais exuberante.
Inana cantou:
- Ele desabrochou, ele desabrochou,
Ele é como alface plantada junto à água
Ele é aquele que meu útero mais adora.
Meu luxuriante jardim da planície
Minha cevada crescendo alta nos campos
Minha macieira que traz frutos em sua coroa,
Ele é como alface plantada junto à água.
Meu doce amor, meu doce amor sempre me enternece
Meu senhor, meu doce amor dentre os deuses
Ele é aquele que meu útero mais ama.
A mão de meu amor é mel, seu pé é de mel
Ele sempre me enternece.
Meu impetuoso amor que acaricia o meu umbigo
Ele é aquele a quem meu útero mais ama
Ele é como alface plantada junto à água.

Dumuzi cantou:
- Ah, senhora, teu seio é o teu campo
Inana, teu seio é teu campo
Teu campo amplo derrama plantas
Teu campo amplo derrama cereais
As águas circulam altas para teu servo
Derrama-a para mim, Inana,
Eu beberei tudo o que me ofereceres!

Inana cantou:
- Faz teu leite doce e espesso, meu noivo.
Meu pastor, eu beberei teu leite fresco.
Touro selvage, Dumuzi, faz teu leite doce e espesso
E eu beberei teu leite fresco.

Que o leite de cabra corra nos meus rebanhos
Encha meus baldes com queijo doce
Senhor Dumuzi, eu beberei teu leite fresco.

Meu esposo, eu guardarei os meus rebanhos para ti.
Eu irei zelar pela tua casa da vida, o armazém.
O local do brilho e prazer que faz as delícias da Suméria
A casa que dá o hálito da vida às pessoas
A casa que dá o pão da vida às pessoas
Eu, a rainha do palácio, zelarei pela tua casa!

Dumuzi falou:
- Minha irmã, eu gostaria de ir contigo ao meu jardim
Inana, eu gostaria de ir contigo ao meu jardim
Eu gostaria de ir contigo ao meu pomar
Ei gpstaroa de or contigo até a minha macieira
E lá eu gostaria de plantar a doce semente coberta de mel.

Inana falou:
- Ele me levou ao seu jardim
Meu irmão, Dumuzi, me levou para seu jardim
Eu passeei com ele entre as árvores viçosas
Eu fiquei ao seu lado entre as árvores caídas
Junto à macieira, eu me ajoelhei, como de costume

Meu irmão veio até mem entoando uma canção
Ele apareceu dentre as folhas de álamo
Ele veio até mim no calor do meio dia
Ante meu senhor Dumuzi
Eu derramei plantas do meu útero
Eu coloquei plantas diante dele
Eu derramei grãos diante dele
Eu derramei grãos do meu útero.

Inana cantou:
- Ontem à noite, quando eu, a rainha estava radiante
Ontem à noite, quando eu, a Rainha dos Céus, estava radiante,
Quando eu estava radiante e dançando
Cantando à chegada da noite...

Ele foi ao meu encontro, ele foi ao meu encontro!
Meu senhor Dumuzi foi ao meu encontro!
Ele pôs sua mão na minha
Ele colocou seu pescoço junto ao meu.

Meu alto sacerdote está pronto para os quadris sagrados
Meu senhor Dumuzi está pronto para os quadris sagrados
As plantas e ervas estão maduras nos campos
Ah, Dumuzi, teu viço faz as minhas delícias!

Ela chamou pelo leito, ela chamou pelo leito, ela chamou pelo leito!
Ela chamou pelo leito que alegra o coração
Ela chamou pelo leito que adoça os quadris
Ela chamou pelo leito que faz reis
Ela chamou pelo leito que faz rainhas
Ela chamou pelo leito:
- Que o leito que alegra o coração seja preparado!
Que o leito que adoça os quadris seja preparado
Que o leito que faz reis seja preparado
Que o leito que faz rainhas seja preparado!
Que o leito real seja preparado!
Inana estendeu o lençol de noivado por sobre o leito
Ela chamou pelo rei:
- O leito está pronto!
Ela chamou por seu noivo:
- Meu noivo, o leito está esperando!
Ele pôz a sua mão na mão dela
Ele pôz a sua mão no coração de Inana
Doce é o adormecer de mãos dadas
Mais doce ainda é o adormecer de corações se tocando.

Ela se banhou para o touro selvagem
Ela se banhou para o pastor Dumuzi
Ela perfumou sua pele com óleo
Ela molhou seus lábios com âmbar de doce perfume
Ela pintou seus olhos com kohl]
Ele esculpiu os quadris dela com suas doces mãos
O pastor Dumuzi encheu o colo de Inana com creme e leite
Ele acariciou os pêlos ´púbicos dela
Ele aguou o útero de Inana.
Com as mãos, ele tocou na vulva plena
Ele alisou a nau escura dela com seu creme
Ele tocou a nau estreita de Inana, enchendo-a com seu leite
Ele acariciou Inana no leito.
Então ela acariciou o alto sacerdote no leito
Inana acariciou o fiel pastor Dumuzi
Ela acariciou os quadris dele, a força do pastoreio da terra.
Ela decretou um doce destino para ele.

Inana, a Primogênita da Lua, a Rainha do Céu e da Terra,
A jovem e heróica mulher, maior que sua mãe
Inana, a quem foram dadas as Sagradas Medidas do Céu e da Terra por Enki,
O deus da Sabedoria, das Águas Doces e da Mágica,
Inana, a Rainha dos Céus, decretou o destino de Dumuzi:
- Na batalha, eu te lidero
No combate, seguro tua armadura
Na assembléia, sou tua advogada,
Na campanha, sou tua inspiração
Tu, o pastor escolhido do templo sagrado
Tu, o rei, o fiel provedor de Uruk
Tu, a luz do grande templo de Anu
De todas as formas te acho capaz
Para caminhar de cabeça erguida nos corredores elevados
Para sentar sentar no trono de lápis lázuli
Para cobrir tua cabeça com a coroa sagrada
Para vestir roupas longas no teu corpo
Para colocar os trajes da realeza
Para carregar a clava e a espada
Para guiar em linha reta o arco e a flecha
Para colocar a funda no ombro
Para correr na estrada com o cetro sagrado em tua mão
E usar as sandálias sagradas nos teus pés
Para brincar no seio sagrado como berloque de lápis lazuli.
Tu, o melhor corredor, o melhor de todos, o pastor escolhido,
De todas as formas eu te acho capaz
Que teu coração viva longos dias
O que Anu decretou para ti, que não seja alterado.
O que Enlil te concedeu - que não seja mudado.
Tu és o favorito de Ningal. E eu, Inana, te quero muito

Ninshubur, a serva fiel do templo sagrado de Uruk,
Levou Dumuzi até os doces quadris de Inana, e falou:
- Minha senhora, aqui está a escolha de vosso coração,
O rei, vosso amado noivo.
Que ele passe longos dias na doçura de vossos sagrados quadris.
Concedei, pois também a ele um reinado favorável e glorioso
Concedei-lhe o bastão de juslgamento dos pastores
Concedei-lhe a coroa duradoura com o diadema nobre e radiante.
De onde o sol surgir até onde o sol se por
De Sul a Norte, dos Mares Superiores aos Mares Inferiores
Da terra da Árvore de Hulupu à terra dos cedros
Que o bastão de pastor de vosso noivo proteja toda a Suméria e Acádia.
Como agricultor, que ele faça os campos férteis
Como pastor, que ele faça os rebanhos se multiplicarem
Sob seu reinado, que hajam os campos vais viçosos
Sob seu reino que haja abundância de grãos.
Nos campos do Sul, que os peixes e os pássaros se multipliquem
Nos canaviais que os juncos novos e velhos cresçam alto
Nas estepes, que as árvores mashgur cresçam viçosas,
Nas florestas, que o veado e as cabras selvagens se multipliquem
Nos pomares, que haja leite e vinho.
Nos jardins, que as alfaces e os agriões cresçam alto
No palácio, que haja longa vida.
Que haja água para as cheias do Tigre e Eufrates
Que as plantas cresçam alto nos seus bancos e encham os campos
Que a Senhora da Vegetação empilhe grãos in montes e montanhas.
Oh, minha Rainha do Céu e da Terra, Rainha de Todo Universo
Que ele passe longos dias na doçura de vossos sagrados quadris!

O rei foi de cabeça erguida até os quadris sagrados
Ele foi de cabeça erguida até os quadris de Inana
Ele foi até a rainha de cabeça erguida
Ele abriu bem os braços para a alta sacerdotisa dos céus.
Inana falou:
- Meu amor, a delícia dos meus olhos, me encontrou. Juntos, fomos felizes.
Ele foi feliz comigo. Ele me trouxe para sua casa.
Ele me deitou no leito perfumado de mel
Meu doce amor deitou-se junto ao meu coração

quinta-feira, agosto 12, 2010

Povo mágico - a bruxaria dos primordios III Suméria e a bíblia

Mitologia Suméria

A literatura criada pelos Sumérios deixou uma profunda impressão nos hebreus, e um dos aspectos mais fascinantes de reconstruir mitos e poemas épicos mesopotâmicos consiste em traçar as semelhanças, oposições e paralelos entre as criações hebraicas e sumérias. Deve-se salientar que " os sumérios não poderiam ter influenciado diretamente os hebreus, pois haviam como povo deixado de existir muito antes dos povos hebreus começarem a existir. Mas há muito poucas dúvidas de que os sumérios influenciaram profundamente os cananeus, que precederam os hebreus na terra hoje conhecida como a Palestina" (Kramer, Samuel Noah, History begins at Sumer, Chicago University Press, 1981:142). Alguns dos mais explícitos paralelos são os seguintes:

A.- Tomemos, em primeiro lugar, o mito de Enki e Ninhursag. Enki, o deus das águas doces, da mágica e da sabedoria, encontra Ninhursag, a grande Deusa Mãe e por ela se apaixona em Dilmun, o paraíso dos sumérios. Daí temos o primeiro paralelo: a idéia de um paraíso divino, o jardim dos deuses, é de origem suméria, e era conhecido como Dilmun, a terra dos imortais, situada a sudoeste da Pérsia. Também é neste mesmo Dilmun onde os babilônicos, ou seja, o povo semítico que conquistou os sumérios, localizaram a sua terra dos imortais. Existem boas evidências de que o paraíso bíblico, que é descrito como um jardim situado ao Leste do Éden, seja idêntico a Dilmun, e um exemplo disso é que do paraíso bíblico fluem as águas dos quatro rios importantes para a Antigüidade Clássica, inclusive o Tigre e o Eufrates; 2) a irrigação de Dilmun feita por Enki e Utu, o deus Sol, para satisfazer a um pedido de Ninhursag, com águas vindas do fundo da terra tem paralelo bíblico, pois no Gênesis 2:6 está escrito que "mas eis que uma névoa subiu do interior da terra e lavou toda a face do solo".

Após Enki Ter irrigado as águas de Dilmun, ele e Ninhursag fazem amor, e por sucessivas vezes, Ninhursag dá à luz a deusas-meninas, filhas dela e de Enki, mas em tempo recorde (9 dias) e sem o menor trabalho ou dor. A Eva, da Bíblia, não teve a mesma sorte de Ninhursag, tendo sido amaldiçoada com "partos na dor e no sofrimento" (mais patriarcal do que isto, difícil!)! Estas três filhas de Enki e Ninhursag crescem também em tempo recorde (9 dias).

Mas voltando ao mito, quando Ninhursag sai de Dilmun (por motivo não tão claro no mito), Enki faz amor com as três deusas - donzelas, mas abandona-as logo, provavelmente pelas deusas - meninas serem apenas pálidos reflexos de Ninhursag, o grande amor do mais sensual e volúvel dos deuses. Ao voltar a Dilmun, Ninhursag tudo vê e entende, desta vez aconselhando a jovem deusa Uttu a não se deixar levar pelo deus mais velho e experiente. Mas Uttu não consegue resistir a Enki, arrependendo-se porém depois, e indo até Ninhursag. Ninhursag aconselha Uttu a recolher o sêmen de Enki de seu corpo e enterrá-lo na terra. Uttu assim o faz, e do lugar escolhido nascem oito tipos de plantas. Enki volta e... agora quer experimentar as plantas luxuriantes e desconhecidas que ele vê em Dilmun. Guloso, ele devora os frutos das oito plantas. Ninhursag então perde a paciência, e lança "o olho da morte" em Enki, que começa a adoecer (oito partes de seu corpo ficam doentes, mais e mais a cada dia). Teria sido Enki castigado por Ninhursag por Ter abusado de frutos desconhecidos? Ao contrário de Eva no mito de Adão e Eva, aqui Enki, um deus, é o guloso, e não uma mulher mortal.

Ninhursag - a Grande mãe
Ninhursag volta quando Enki está muito mal, e ela o cura, fazendo nascer oito deusas das partes doentes do deus das águas doces.

O mais notável, porém, é que este mito fornece uma explicação para um dos motivos mais intrigantes do mito de Adão e Eva da Bíblia, ou seja, a famosa passagem descrevendo a criação de Eva a partir da costela de Adão. Vejamos o que o emérito sumerologista Samuel Noah Kramer tem a nos dizer sobre isto: " Por que uma costela, ao invés de qualquer outra parte do corpo para criar a mulher cujo nome Eva, de acordo com a Bíblia, significa " aquela que faz viver "? Se olharmos para o mito sumério, vemos que Enki adoece pela maldição de Ninhursag, e que uma das partes de seu corpo que começa a morrer é a costela. A palavra suméria para costela é "ti". Para curar cada um dos órgãos enfermos de Enki, Ninhursag dá à luz a oito deusas. A deusa criada para curar a costela de Enki é chamada de ‘Nin-ti", "a Senhora da costela" [ Nin, em sumério, quer dizer dama, senhora: Nota da autora]. Mas a palavra suméria "ti" também significa "fazer viver". O nome "Nin-ti" pode, portanto, significar "a senhora que faz viver", bem como "a senhora/dama da costela". Portanto, um trocadilho literário extremamente arcáico foi levado à Bíblia e lá perpetuado, mas sem o seu sentido original, pois em hebráico a palavra para costela e para " aquela que faz viver" não têm nada em comum. Além do mais, ao invés de Adão ter dado vida à Eva, é Ninhursag que dá sua essência de vida a Enki, que então renasce dela" (Kramer, 1981:143-144).

Entretanto, a maior parte dos paralelos da Mitologia Suméria com a Bíblia podem ser encontrados no Gênesis. Tal qual descrito no Gênesis, o mundo sumério é formado a partir do abismo das águas, e os céus e a terra são separados um do outro por uma estrutura sólida.

B.- Em A Árvore de Hulupu, temos uma predecessora da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Esta árvore especial é encontrada por Inana, que a leva e planta em seu jardim para seu povo. Mas logo se alojam nas raízes da Árvore de Hulupu um pássaro traiçoeiro e a deusa Lillith, a primeira esposa de Adão, a deusa independente e toda-em-uma, que na minha opinião representa o selvagem e inconquistável Poder do Feminino, tão temido por alguns.
Inanna, Deusa do amor e da guerra
C- Existem claros paralelos bíblicos na história do Dilúvio, que antecede os judeus em cerca de 1000 anos. . Na versão suméria, o piedoso Ziusuda é informado por Enki (sob artifício) que os deuses querem destruir a humanidade. Mas Enki/Ea instrui Ziusudra para que construa uma arca, e salvar a si e aos que ama. Pássaros também são mandados para procurar terra firme quando param as chuvas, etc.

D.- A Corte de Inana e Dumuzi e O Cântico dos Cãnticos -O Cântico dos Cânticos de Salomão para a Rainha de Sabá é, sem dúvida, a passagem mais romântica do Bíblia, um texto único, místico e sensual, totalmente diferente de todos os outros textos do Velho Testamento.

Entretanto, se olharmos para a Mesopotâmia, poderemos traçar a origem d"O Cântico dos Cânticos". Existem numerosos exemplos de textos mesopotâmicos cujo conteúdo é normalmente chamado pelos estudiosos de canções de amor ou poesia real cortês. Neles, em geral é a mulher que se aproxima do homem, para dizer-lhe que deseja que ele lhe dê prazer, e que confia na habilidade deste para ser seu amante e amado, e as personagens destes poemas serem divinas ou quase divinas. Estes textos pertencem à tradição suméria, uma vez que os grandes textos sumérios da tradição de Uruk foram retomados durante a Terceira Dinastia de Ur, para dar origem a um estilo literário cheio de palavras de sedução e conteúdo erótico-amoroso, amplamente centrado na relação amorosa do rei e alto sacerdote com a grande deusa do Amor e da Guerra, Inana/Ishtar, muitas vezes representada pela alta sacerdotisa e princesa/rainha como a representante viva de Inana/Ishtar na terra e consorte/esposa do rei. Os dois representam, respectivamente, a deusa que traz fertilidade ä terra, e o rei-sacerdote, ou o pastor sagrado e guardião da terra e do povo. A mais querida canção de amor da Antiga Mesopotâmica chama-se "A Corte de Inana e Dumuzi", onde o pastor-rei e sumo-sacerdote faz a corte à sua amada, escolhida e rainha, Inana, a grande deusa do Amor e da Guerra. "A Corte de Inana e Dumuzi" mostra também como era realizado o Rito do Casamento Sagrado, onde a cada ano, no início da primavera, no altar mais sagrado, o zigurate, o rei, o divino representante dos homens, e a alta sacerdotisa de Inana se encontravam para se amar, e fazer a terra florescer em todos os sentidos. E neste momento, eu gostaria de render as minhas homenagens aos escribas judeus, que retomaram este grande mito mesopotâmico, mas fizeram-no seu com o encontro de Salomão pela sábia, apaixonada, corajosa e toda-em-uma Rainha de Sabá. Sem dúvida, ela mesma uma valerosa vestimenta mortal de Inana, vinda da Etiópia.

Outra evidência histórica é que Ur, o grande centro literário da Mesopotâmia há cerca de 4.500 anos atrás, é a terra do grande patriarca judeu Abraão, que de lá saiu para fundar Israel. Portanto, os escribas judeus devem Ter tido conhecimento deste estilo literário tão difundido Por outro lado, Salomão, sendo também um sábio (semelhante a Adapa?) deve Ter conhecido as canções de amor mesopotâmicas. Um tributo aos escribas judeus e a Salomão pela maravilhosa canção de amor que escreveram, sem dúvida uma das mais lindas da história da humanidade. Que bom que eles aprenderam tão bem o lado mais apaixonado dos mesopotâmicos!

E.- A unção de Jesus Cristo pela Mulher com Vaso de Alabastro e a Sagração de Sacerdotes-Reis

O direito ao trono, que era um dom sancionado pelos deuses e deusas, e o rito de consagração de Dumuzi, o rei-pastor, por Inana, a deusa é descrito em pormenores na "Corte de Inana e Dumuzi". A unção de futuros reis que se sacrificavam pela comunidade pela Alta Sacerdotisa e Princesa Real ou Rainha fazia parte da tradição do Oriente Próximo, e como tal, devia ser do conhecimento dos primeiros cristãos. Provavelmente por este motivo é que os evangelistas Lucas, Mateus e João mencionaram a unção de Jesus pela dama do jarro de alabastro em seus evangelhos do Novo Testamento da Bíblia. Em Mateus (26:12-13), é com as seguintes palavras que Cristo reconhece o ato de ter sido ungido com o caro óleo da misteriosa dama do vaso de alabastro:

Gilgamesh
"Por isso, derramando ela este bálsamo sobre o meu corpo, fê-lo como para me sepultar. Em verdade vos digo que em toda parte onde for pregado este Evangelho para todo o mundo, publicar-se-á também para sua memória o que ela fez." (Bíblia Sagrada, traduzida pelo Pe. Matos Soares, Ed. Paulinas, 1964).

Uma leitura aprofundada mostra-nos que tanto Jesus como aquela que o ungiu estavam conscientes do ritual de sagração de reis sagrados, o pastor real que pode ser levado ao sacrifício para o bem da terra e do povo, e é esta honra e responsabilidade que Jesus aceita, honrando também àquela que lhe confere tal distinção.

F- O relato mais antigo sobre o dilúvio é bem mais anterior do que o do Velho Testamento da Bíblia, e encontra-se no Épico de Gilgamesh (ver encontro de Gilgamesh com Utnapishtim em Sumério, que é Ziusudra em Babilônio e Assírio) e no mito de Athrasis (a ser incluido neste site)

Para terminar (existem muitos outros paralelos, mas desta vez vou ficando por aqui) temos Ezekiel 8:14, onde o profeta vê mulheres de Israel chorando por Tamuz (Dumuzi) durante uma seca.

terça-feira, agosto 10, 2010

A todas as mulheres

Povo mágico - a bruxaria dos primordios II

Origem do Termo "Suméria"

O termo "sumério" é na verdade um exônimo aplicado (e, provavelmente, cunhado) pelos acádios. Os sumérios autodescreveram-se como sag-gi-ga (o povo de cabeças negras) e chamaram sua terra Ki-en-gi, o lugar dos senhores civilizados. A palavra acadiana Shumer possivelmente representa esse nome num dialeto diferente. A respeito dos sumérios, donos de língua, cultura (e, provavelmente, aparência) diferentes da dos seus vizinhos semíticos e sucessores, acredita-se que foram invasores ou migrantes, apesar de que seja difícil determinar exatamente quando esses eventos ocorreram ou mesmo suas origens geográficas. Alguns arqueólogos afirmam que os sumérios procediam, de fato, das planícies mesopotâmicas. Outros sugerem que o termo 'suméria' deveria se restringir à língua sumeriana, baseando-se no fato de que não havia grupos étnicos 'sumérios' avulsos. O próprio termo 'sumério' é geralmente usado para se referir a uma língua isolada no campo da Lingüística, já que ela não pertence a nenhuma família lingüística conhecida - ao contrário do acádio, por exemplo, que pertence ao hamito-semítico, ou às chamadas línguas afro-asiáticas.
Religião

Ver artigo principal: Mitologia Suméria


Lista de Deuses feita pelos sumérios a partir da Escrita cuneiforme no século 24 a.C.
Tratar dum assunto tal como a "Religião Suméria" pode ser complicado, uma vez que as práticas e crenças adotadas por aquele povo variaram largamente através do tempo e distância, cada cidade possuindo sua própria visão mitológica e/ou teológica.
Entre as principais figuras mitológicas adoradas pelos sumérios, é possível citar An, deus do céu; Nammu, a deusa-mãe; Inanna, a deusa do amor e da guerra (equivalente à deusa Ishtar dos acádios); e Enlil, o deus do vento. Cada um dos deuses sumérios (em sua própria língua, dingir - no plural, dingir-dingir ou dingir-a-ne-ne) era associado a cidades diferentes, e a importância religiosa a eles atribuída intensificava-se ou esmorecia dependendo do poder político da cidade associada. Segundo a tradição suméria, os deuses criaram o ser humano a partir do barro com o propósito de serem servidos por suas novas criaturas. Quando estavam zangados ou frustrados, os deuses expressavam seus sentimentos através de terremotos ou catástrofes naturais: a essência primordial da religião suméria baseava-se, portanto, na crença de que toda a humanidade estava à mercê dos deuses.
Os sumérios acreditavam que o universo consistia num disco plano fechado por uma cúpula de latão. Já a vida após a morte envolvia uma descida ao vil submundo, onde se passava a eternidade numa existência deplorável, em uma espécie de inferno.
Os templos sumérios consistiam de uma nave central com corredores em ambos os lados, flanqueados por aposentos para os sacerdotes. Numa das pontas do corredor achavam-se um púlpito e uma plataforma construída com tijolos de barro, usada para sacrifícios animais e vegetais.
Granéis e depósitos geralmente se localizavam na proximidade dos templos. Mais tarde, os sumérios começaram a construir seus templos no topo de colinas artificiais, terraplanadas e multifacetadas: esses templos especiais chamavam-se zigurates!

Tecnologia

Exemplos da tecnologia suméria incluem: serras, couro, cinzéis, martelos, braçadeiras, brocas, pregos, alfinetes, anéis, enxadas, machados, facas, lanças, flechas, espadas, cola, adagas, odres de água, caixas, arreios, barcos, armaduras, aljaves, bainhas, botas, sandálias e arpões.
Os sumérios possuíam três tipos de barco:
os barcos de pele, feitos a partir de cana e peles de animais.
os barcos a vela, caracterizados por serem feitos com betume, sendo à prova d'água.
os barcos a remo (com remos feitos de madeira), às vezes usados para subir a correnteza, sendo puxados a partir de ambas as margens do rio por pessoas e animais.


Estátua de Gudeia, governador de Lagash, uma das mais belas peças da escultura sumeriana e de toda a arte mesopotâmica (Museu do Louvre, Paris)
A origem e a história antiga dos sumérios ainda são pouco conhecidas. O primeiro povoamento civilizado terá sido em Eridu, trazido pelo Deus Enki ou pelo seu assessor ( a partir de Abgallu ou ab=água, gal=grande, lu=homem). Sabe-se que no final do período neolítico, os povos sumerianos, vindos do planalto do Irã, fixaram-se na Caldéia. No terceiro milênio, haviam criado pelo menos doze cidades-estados autônomas: Ur, Eridu, Lagash, Umma, Adab, Kish, Sipar, Larak, Akshak, Nipur, Larsa e Bad-tibira. Cada uma compreendia uma cidade murada, além das terras e povoados que a circundavam, e tinha divindade própria, cujo templo era a estrutura central da urbe. Com a crescente rivalidade entre as cidades, cada uma instituiu também um rei.
O primeiro rei a unir as diferentes cidades, por volta de 2800 a.C., foi o rei de Kish, Etana. Por muitos séculos, a liderança foi disputada por Lagash, Ur, Eridu e a própria Kish, o que enfraqueceu os sumérios e tornou-os extremamente vulneráveis a invasores. Entre 2530 e 2450 a.C., a região foi dominada pelos reis elamitas, que viviam no sudoeste do atual Irã. Após um período de domínio dos elamitas, os sumérios voltaram a gozar de independência. As cidades de Lagash, Umma, Eridu, Uruk e principalmente Ur tiveram seus momentos de glória. Pouco depois os acádios - grupos de nômades vindos do deserto da Síria - começaram a penetrar nos territórios ao norte das regiões sumérias, terminando por dominar as cidades-estados desta região por volta de 2550 a.C.. Mesmo antes da conquista, porém, já ocorria uma síntese entre as culturas suméria e acádia, que se acentuou com a unificação dos dois povos. Os ocupantes assimilaram a cultura dos vencidos, embora, em muitos aspectos, as duas culturas mantivessem diferenças entre si, como por exemplo - e mais evidentemente - no campo religioso.

Povo mágico - a bruxaria dos primordios

A Suméria (na Bíblia, Sinar; egípcio Sangar; ki-en-gir na língua nativa), geralmente considerada a civilização mais antiga da humanidade, localizava-se na parte sul da Mesopotâmia (apesar disto os proto-sumérios surgiram no Norte da Mesopotamia, no atual Curdistão, tal como não eram originalmente semitas, mas sim invadidos por eles via sul proto-árabe), apropriadamente posicionada em terrenos conhecidos por sua fertilidade, entre os rios Tigre e Eufrates. Evidências arqueológicas datam o início da civilização suméria em meados do quarto milénio a.C. Entre 3500 e 3000 a.C. houve um florescimento cultural, e a Suméria exerceu influência sobre as áreas circunvizinhas, culminando na dinastia de Ágade, fundada em aproximadamente 2340 a.C. por Sargão I, sendo que este, ao que tudo indica, seria de etnia e língua semitas. Depois de 2000 a.C. a Suméria entrou em declínio, sendo absorvida pela Babilônia e pela Assíria.
Duas importantes criações atribuídas aos sumérios são a escrita cuneiforme, que provavelmente antecede todas as outras formas de escrita, tendo sido originalmente usada por volta de 3500 a.C.; e as cidades-estado - a mais conhecida delas sendo, provavelmente, a cidade de Ur, construída por Ur-Nammu, o fundador da terceira dinastia Ur, por volta de 2000 a.C.