quarta-feira, maio 05, 2010

Beltane - 2ª parte


Referências e curiosidades culturais:


- No Brasil, próximo ao dia de Santo Antônio recolhe-se um enorme tronco de árvore que é conduzido ao pé da serra do Araripe até a Igreja da cidade e enquanto ele passa, as mulheres solteiras tocam o tronco para “casar logo”. Todo o Cariri esta presente, por uma questão de tradição.


- Nos países nórdicos é um ritual de passagem do jovem Deus para a idade adulta. Nesta data são celebrados rituais de fertilidade e imensas fogueiras são acesas. As fogueiras de Beltane simbolizam o calor da paixão e a intensidade da interação entre a Deusa e o Deus, e a crescente fecundidade da Terra. Outras fontes indicam que a tônica real da celebração comemorada seria o sacrifício de Odin.


- Nas Terras Altas da Escócia, os bolos de Beltane são usados para adivinhação, sendo atirados pedaços deles na fogueira como oferenda aos espíritos e deidades protetores.

- No dia de Beltane o sol está astrologicamente no signo de Tauro
s, o Touro, que marca a "morte" do Inverno, o "nascimento" da Primavera e o começo da estação do plantio.

- Antigamente os jovens das vilas iam até as florestas à meia-noite de Beltane para colher flores, presenteando na volta seus parentes com elas e então recebiam deles as melhores comidas e bebidas; ato que representava generosidade e assim trazia boa sorte.


- Floralia: antigo festival romano dedicado a Flora (deusa sagrada das flores); anteriormente dedicado a Plutão (deus romano do Submundo – corresponde ao Hades grego). No primeiro dia de maio os antigos romanos queimavam olíbano e selo-de-salomão e penduravam guirlandas de flores diante de seus altares em honra aos espíritos guardiões que olhavam e protegiam suas famílias e suas casas.


- Esse foi um dos primeiro feriados a ser destruído pelos Cristãos, que viam nas celebrações sexuais somente o pecado, e as entendiam como ofensa a seu Deus.
Assim, as fogueiras de Beltane e o Maypole tornaram-se as fogueiras e mastros das festas dos santos "casamenteiros" cristãos, e o mês de Maio foi consagrado à Virgem Maria e tido como benévolo aos casamentos.

- É costume em Wicca jamais se casar em Maio, pois esse mês é dedicado ao casamento do Deus e da Deusa.

- Na Europa Antiga, nesses ritos homens e mulher uniam-se em plenos bosques e as crianças que fossem concebidas nesta noite eram consideradas abençoadas, tornando-se geralmente sacerdotisas e magos. Devemos ter discernimento aqui e perceber que naqueles tempos o sexo não era considerado algo pecaminoso ou “vergonhoso” e sim um ato sagrado e abençoado! As mulheres não eram reprimidas por um machismo hipócrita como o que conhecemos hoje e eram livres, e não havia o moralismo na qual precisamos enfrentar em um mundo que, ironicamente, se auto-denomina avançado. Nesta noite então, celebrava-se a festa para o Gamo Rei, e à própria fertilidade da Deusa; um ritual de fertilidade e fecundidade que celebrava a própria vida.

- Hoje mais conhecido como Festa da Primavera ou May Day (dia de Maio) foi, como muitos costumes pagãos, adaptado ao cristianismo, acabou sendo absorvida como a Festa Junina que conhecemos hoje. Trazidas pela cultura cristã européia, onde encontramos o costume de pular fogueira, tranças e fitas coloridas, o mastro de São João (originado no mastro de Beltane), as danças (quadrilha) e até mesmo a celebração do casamento sagrado ("casamento na roça"). Originalmente as Festas Juninas vieram como uma celebração da Primavera e no Brasil estão relacionadas à colheita, também associadas ao próximo Sabbath Midsummer ou Litha – meio de Verão.





O Deus Cornífero é o nosso Deus, ou princípio masculino, e assim o chamamos independente do aspecto¹ ou panteão apresentados. Sendo ele o consorte e filho da deusa (ciclo) é reverenciado (assim como Ela) desde os primórdios como o Deus das florestas. Representado, já em pinturas rupestres do período paleolítico com chifres de cervo ou alce, pois ele é protetor das caçadas e, mais tarde, quando as pessoas começaram a se tornar mais sedentárias começaram a represetá-lo também com chifres de touro ou bode (fazendo relação a domesticação destes animais). Sendo o próprio princípio masculino é o senhor da fertilidade e virilidade. É o princício ativo, o caçador das florestas, o Homem Verde, Senhor dos Animais e senhor do submundo. Ele é o pai céu enquanto a deusa é a mãe terra, e a nós ele se mostra através do sol, pois sem o céu não existiria vida e ele proporciona o calor necessário para fecundar a fértil mãe terra (mesmo sendo senhora da criação, sem o auxilio de seu oposto não se pode gerar e, novamente, podemos perceber a expressão do equilíbrio necessário). Em função disto está relacionado também as colheitas e seu ciclo de renascimento e morte na qual celebramos ao longo do ano, representa o próprio ciclo da vida em si e os ritos solares são os eventos em que há uma celebração em virtude da percepção e interação com o seu poder que age sobre todas as coisas.
Assim como nossa Mãe aparece em várias culturas e religiões ao redor do mundo apresentando vários aspectos e faces nosso Deus se apresenta em diversas divindades. Em relação a Deuses Associados a Beltane, ou seja, em seus aspecto de fertilidade, podemos citar como referências principais:



- Jack in The Green ou o Green Man é uma figura que representa a abundância e a estação em questão e, na época medieval na Inglaterra, acabou sendo incorporado nas procissões onde um homem vestido de Jack ficava em uma gaiola decorada com azevinho e fitas coloridas. Era uma divindade cornuda das florestas.



- Belenos: é um dos principais deuses da mitologia celta e o mais associado a Beltane pois o próprio nome do ritual deriva do seu próprio; Deus Celta do Sol e do fogo para os irlandeses, Deus da ciência, cura, fontes térmicas, fogo, sucesso, prosperidade, colheita e à vegetação. Seu nome significa "brilhante", adorado principalmente ao norte da Itália e na costa mediterrânea da Gália.


- Na mitologia nórdica temos os deuses Frey e Freya, irmãos e símbolos de fertilidade que, segundo Loki (Deus das trapaças) mantinham relações como homem e mulher. (algumas fontes indicam que este tipo de relação era comum para os Deuses Vanires (Deuses da fertilidade)).
O Ritual da Caçada


Os camponeses iam para os bosques de carvalhos à noite e acendiam enormes fogueiras para a Deusa. Fazia-se então um ritual representando a noite de núpcias dos Deuses onde o rapaz personificava o Deus e a virgem, a Deusa. O rapaz vestia a pele de um Gamo (mamífero ruminante semelhante ao veado) e desafiava um gamo verdadeiro, o líder da manada, até que um deles fosse morto. O rapaz, vencendo a batalha, seria escolhido como Rei e representação do Deus¹ (o Gamo Rei; os galhos eram considerados sinônimos de força e honra). Passaria então a noite com a donzela que representaria a Deusa a fim de conceber um herdeiro que. Um dia, o filho deveria disputar com o pai pelo trono (O Gamo Novo e o Gamo Velho), e caso não fosse preciso escolher um rei, a luta com o gamo é a apenas representada ritualisticamente.
Rituais semelhantes a este, envolvendo a idéia da caça, aconteciam por toda a Europa e, segundo a mitologia Celta, em Beltane, a Deusa se transforma em um Cervo Branco e corre pela mata enquanto o jovem Deus é o Cacador Alado. Ao ser perseguido por ele pela floresta, o Cervo Branco transforma-se em uma linda mulher e Eles finalmente se unem.
Então, para retomar esta simbologia das caçadas, ainda hoje fazemos rituais onde as mulheres fogem pelo mato representando a Deusa e os homens vão a sua busca representando o Deus.
¹ No romance As Brumas de Avalon o Rei Arthur passa por esta prova em uma noite de Beltane.
BEIJUS A TODOS.
FREYA.

Nenhum comentário: